Desabrigados relatam incerteza após tornado destruir Rio Bonito do Iguaçu
Famílias permanecem em abrigo em Laranjeiras do Sul enquanto engenheiros avaliam cerca de mil imóveis e governo libera recursos para reconstrução
Créditos: Luiz Carlos da Cruz/Gazeta do Paraná
Famílias que perderam suas casas após o tornado que devastou Rio Bonito do Iguaçu, no Centro-Sul do Paraná, seguem vivendo a angústia de não saber quando poderão voltar para casa. O principal abrigo (foto) foi instalado em Laranjeiras do Sul, a 18 km do município, e na tarde deste domingo (9) reunia 40 pessoas.
Entre os desabrigados está Paulo Oidella, 54, morador da cidade desde 1988. Ele e os filhos, Marcos Paulo, 19, e Adriano, 16, foram levados ao abrigo ainda na sexta-feira (7). O retorno ao município neste domingo para verificar a casa trouxe um choque de realidade.
“Foi muito triste voltar porque na sexta-feira a gente não viu quase nada. Hoje, que estava dia, tinha sol, a gente viu como estão as coisas”, relatou. Mesmo com a destruição, conseguiu recuperar parte dos documentos da família.
Marcos Paulo chegou ao abrigo também neste domingo. Ele estava internado após ficar ferido no desabamento do supermercado onde trabalhava.
A história se repete entre outros moradores. Alcides de Oliveira, 76, morador da cidade há apenas três meses, foi arremessado pelo vento. “Caí num tablado de costas. Não posso dizer que vou voltar para casa porque não tenho mais casa”, afirma.
Deivid dos Santos, 18, que trabalha em um frigorífico, tenta lidar com a realidade. “Em poucos segundos tudo destruído. Não deu para salvar nada. É ruim estar longe de casa e sem poder trabalhar”.
Vistorias e reconstrução
Quatro das seis vítimas foram veladas no salão paroquial da Igreja São Sebastião, no distrito de Campo do Bugre, que não foi atingido pelo tornado.
Para avaliar os estragos, engenheiros do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul começaram a vistoriar cerca de mil imóveis. O objetivo é emitir laudos estruturais que permitirão o acesso das famílias a recursos estaduais e federais.
“Quando acontece uma catástrofe como essa, o laudo de um engenheiro é o que libera recursos para reconstrução”, explicou Clodomir Luiz Ascari, presidente do CREA-PR. A expectativa é finalizar as vistorias em três dias.
O coordenador do programa Reconstruir, Marcelo Saldanha, destacou que parte da equipe atuou nas enchentes do Rio Grande do Sul em 2024. “Estamos trazendo a nossa experiência para ajudar”.
Neste domingo, o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, visitou o município e autorizou a liberação imediata de R$ 15 milhões para reconstrução de uma escola e de um ginásio esportivo destruídos pelo tornado.
