O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, defendeu nesta quarta-feira (29) a Operação Contenção, realizada nos complexos da Penha e do Alemão, que deixou dezenas de mortos. Em entrevista no Palácio Guanabara, ele classificou a ação como um sucesso e afirmou que “as únicas vítimas foram os quatro policiais mortos em serviço”.
“Temos muita tranquilidade de defender o que foi feito ontem. Quero me solidarizar com as famílias dos quatro guerreiros que deram a vida para libertar a população. De vítima ontem, só tivemos os policiais”, declarou Castro. Segundo o governador, o confronto ocorreu em área de mata, o que, segundo ele, indica que os demais mortos eram criminosos. “Não creio que tivesse alguém passeando na mata num dia de conflito”, afirmou.
Castro informou ainda que o número oficial de mortos na operação é de 58, incluindo os dois policiais civis e dois militares. O governo havia divulgado inicialmente 64 mortes, mas o governador disse que o número “ainda vai mudar com certeza”. Ele não comentou os relatos de moradores do Complexo da Penha que indicam a existência de cerca de 60 corpos retirados por civis das áreas de confronto.
Durante a entrevista, o governador afirmou que o Rio de Janeiro é o “epicentro da crise de segurança pública” e defendeu a necessidade de apoio federal. “Mostramos ontem um duro golpe na criminalidade. Temos condições de vencer batalhas, mas essa guerra não será vencida sozinhos. Agora é o momento de união, não de politicagem”, disse.
A Operação Contenção, considerada a mais letal da história do estado, gerou forte reação de especialistas e movimentos sociais. Moradores relataram momentos de medo e dificuldade para se deslocar durante a terça-feira (28), quando 35 vias da cidade foram bloqueadas por criminosos em retaliação à ofensiva policial.
Para a professora Jacqueline Muniz, do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), a ação foi “amadora” e uma “lambança político-operacional”. Movimentos populares e de favelas também criticaram o saldo da operação, afirmando que “segurança pública não se faz com sangue”.

Créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil