Lula fica “estarrecido” com número de mortos na operação no Rio, diz ministro da Justiça
Ricardo Lewandowski classificou ação policial como “extremamente violenta” e disse que o governo federal não foi informado sobre a operação, que deixou mais de 100 mortos
Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta quarta-feira (29) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou “estarrecido” com o número de mortos na Operação Contenção, realizada no Rio de Janeiro e que resultou em mais de 100 mortes.
“O presidente ficou estarrecido com o número de ocorrências fatais registradas no Rio de Janeiro”, disse o ministro em entrevista coletiva no Palácio da Alvorada, após reunião com Lula. Em seguida, Lewandowski viajou à capital fluminense para se encontrar com o governador Cláudio Castro.
O ministro afirmou que o presidente também se mostrou surpreso com o fato de uma operação “dessa envergadura ter sido realizada sem o conhecimento do governo federal”. Segundo ele, a ausência de comunicação impediu que o Executivo colaborasse com informações, recursos e apoio logístico.
Lewandowski classificou a ação das forças de segurança do Rio como “extremamente violenta” e questionou se “esse tipo de operação é compatível com o Estado Democrático de Direito”.
Diante da gravidade da situação, Lula determinou o envio de peritos criminais e médicos legistas da Polícia Federal e da Força Nacional para auxiliar na identificação dos corpos. O ministro destacou que o governo dispõe de um banco de dados de DNA e balística capaz de identificar as vítimas e esclarecer se estavam ligadas a organizações criminosas.
Lewandowski também informou que o Ministério da Justiça estuda reforçar o efetivo da Força Nacional, da PF e da Polícia Rodoviária Federal no estado. O governo federal já atendeu a um pedido de Cláudio Castro para transferir dez presos para presídios federais, suspeitos de comandar as ações de retaliação à operação.
Questionado sobre a possibilidade de decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o ministro afirmou que a medida não foi discutida e depende de um pedido formal do governo estadual.
Para Lewandowski, o enfrentamento ao crime organizado deve ocorrer “com inteligência, planejamento e coordenação, e não apenas com o uso da força bruta”. Ele citou a PEC da Segurança Pública, enviada pelo ministério ao Congresso, que prevê maior integração entre os entes federados e reforço ao Sistema Único de Segurança Pública (Susp).
O governador Cláudio Castro, por sua vez, classificou a operação como “um sucesso” e afirmou que as únicas vítimas dos confrontos foram os quatro policiais mortos.
Com informações da Agência Brasil
