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Ligga Telecom é colocada à venda por R$ 2,5 bilhões

Negociação da Ligga ocorre em meio a prejuízos, litígios e consolidação no mercado de telecomunicações

Por Da Redação

Ligga Telecom é colocada à venda por R$ 2,5 bilhões Créditos: Reprodução Internet

O empresário Nelson Tanure decidiu colocar à venda a Ligga Telecom, antiga Copel Telecom, por cerca de R$ 2,5 bilhões. A movimentação foi confirmada pela Gazeta do Paraná junto a fontes ligadas às negociações e já havia sido antecipada pelo site InvestNews.

Tanure adquiriu a operadora paranaense em 2021, por meio do fundo Bordeaux, em processo de privatização conduzido pelo governo estadual. Desde então, a empresa incorporou concorrentes como Sercomtel, Horizons e Nova Fibra, ampliando sua atuação no Paraná e em outros mercados.

As tratativas estão sendo conduzidas pelo banco Rothschild & Co., mas até o momento não houve interessados dispostos a pagar o valor pedido. No ano passado, Tanure chegou a negociar com o BTG Pactual uma troca de ações que envolveria a V.tal, maior rede neutra de fibra óptica da América Latina, mas as conversas não avançaram.

A movimentação ocorre em um momento em que Tanure vem se afastando da gestão da companhia. O empresário deixou o conselho de administração da Ligga neste ano, e a venda reforça os sinais de desengajamento no setor.

Litígios e resultados

Além dos movimentos societários, a Ligga enfrentou desgaste recente no campo institucional. Em 2023, a companhia fechou contrato de R$ 200 milhões para dar nome ao estádio do Athletico Paranaense por 15 anos, mas o acordo foi rompido em junho após litígio entre as partes.

No balanço do primeiro trimestre, a Ligga registrou prejuízo líquido de R$ 15,3 milhões, 21% acima do resultado negativo do mesmo período do ano anterior. Apesar disso, a receita líquida cresceu 18%, alcançando R$ 160,6 milhões. O Ebitda ajustado subiu 35%, chegando a R$ 85,4 milhões. Já a dívida líquida se manteve elevada, em R$ 871,7 milhões, o que representa alavancagem de 2,5 vezes o Ebitda.

Cenário do setor

A possível venda da Ligga acontece em meio a uma nova onda de consolidação no mercado de telecomunicações. Após a expansão de provedores regionais de internet por fibra, como Unifique, Brisanet e Alloha, grandes grupos voltam a se movimentar em aquisições. A Vivo, por exemplo, negocia a compra da Desktop.

No segmento de infraestrutura, as chamadas redes neutras ampliam sua presença no país, com destaque para a V.tal e a FiBrasil.

Após a repercussão, a Ligga esclareceu que não pretende expandir operações móveis fora do Paraná. Desde abril, a Sercomtel, do mesmo grupo, vendeu suas licenças de 5G no Norte e em São Paulo, concentrando esforços no mercado paranaense.

“O projeto de implantação da rede 5G no Paraná está em fase avançada de planejamento e desenvolvimento, com o objetivo de oferecer cobertura ampla e serviço de alta qualidade para a população paranaense”, afirmou a empresa em nota.

A reportagem tentou contato com Nelson Tanure, que não se manifestou até o fechamento deste texto. O espaço permanece aberto.

Saiba mais

A trajetória de Nelson Tanure no Paraná é marcada por apostas ousadas, impulsionadas pelo avanço das privatizações promovidas pelo governo estadual. Em 2020, o empresário baiano adquiriu a Sercomtel, de Londrina, e, meses depois, arrematou a Copel Telecom, primeira subsidiária da Companhia Paranaense de Energia a ser privatizada. Ambas foram incorporadas à Ligga Telecom, que agora está à venda por R$ 2,4 bilhões.

Conhecido por atuar por meio de fundos de investimento, Tanure construiu um portfólio que inclui empresas como HRT Petróleo, Gafisa, Oi e Tim. Mas sua atuação também é cercada de controvérsias. Em 2023, tornou-se réu em um processo administrativo da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), acusado de aprovar um aumento de capital na Gafisa com condições irregulares, segundo a autarquia.

Nos últimos anos, o foco de Tanure se voltou para o setor de telecomunicações e infraestrutura digital. Além das aquisições no Paraná, ele esteve envolvido na venda da Intelig para a Tim e tentou negociar com credores da Oi por meio do fundo Pharol, operação frustrada por disputas societárias. Em 2025, seu nome voltou a circular no mercado como um dos acionistas por trás da Trustee DTVM, o que provocou forte reação: as ações da Oi (OIBR3) despencaram mais de 16% após o anúncio.

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