Ex-diretor do INSS é questionado sobre repasses de empresa ligada ao “Careca do INSS” em CPMI
Alexandre Guimarães teria recebido R$ 85 mil de empresa apontada em esquema de desvio de recursos de aposentadorias
Créditos: Carlos Moura/Agência Senado
O ex-diretor de Governança do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alexandre Guimarães, foi interrogado nesta segunda-feira (27) pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga irregularidades no órgão. O relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), questionou o ex-gestor sobre movimentações financeiras suspeitas envolvendo empresas ligadas ao empresário Antônio Carlos Camilo, conhecido como “Careca do INSS”.
Documentos da CPMI indicam que Guimarães recebeu R$ 85 mil de uma empresa pertencente a Camilo. Além disso, a empresa Vênus, da qual o ex-diretor é sócio, teria recebido mais de R$ 2 milhões da Prospect, apontada pelos investigadores como uma das empresas usadas para lavar recursos desviados de aposentadorias.
Durante o depoimento, Guimarães afirmou que o pagamento de R$ 85 mil teria sido referente à venda de um veículo particular. “Eu tinha um Tigo 7, avaliado em R$ 120 mil, e vendi por R$ 85 mil. Foi uma transação pessoal, registrada e sem ligação com o INSS”, declarou.
O relator ironizou a justificativa, afirmando que outros depoentes também alegaram transações de compra e cessão de veículos com o mesmo empresário. “Esse Antônio Carlos gosta muito de carro”, disse Gaspar.
Questionado sobre a criação da empresa Vênus, Guimarães explicou que o objetivo seria produzir materiais sobre educação financeira para um aplicativo idealizado por Camilo. Ele também confirmou que o contador da Vênus, Rubens Oliveira Costa, foi indicado pelo empresário. Costa, segundo a CPMI, é identificado nas investigações como operador financeiro do esquema.
Gaspar destacou ainda que familiares do contador atuavam em gabinetes parlamentares ligados ao grupo político de Camilo. “As conexões são evidentes”, afirmou o deputado.
Guimarães negou qualquer envolvimento em irregularidades e afirmou não ter conhecimento das atividades ilícitas atribuídas ao empresário. Disse ainda que deixou o INSS no início de 2023 e que a empresa Vênus havia sido aberta em novembro de 2022, quando já planejava sair do cargo público.
Ao encerrar a oitiva, o relator solicitou que o ex-diretor providencie documentos junto ao INSS e à Controladoria-Geral da União (CGU) para cruzamento de dados sobre as transações financeiras e reclamações registradas pela ouvidoria entre 2022 e 2023.
“Estamos falando de uma organização criminosa que usou a estrutura pública para desviar dinheiro de quem mais precisa. Cada elo será devidamente rastreado”, concluiu Gaspar.
Com informações do Correio Braziliense
