Apenas 21% das ações trabalhistas terminam em acordo no país
Levantamento do CNJ mostra leve avanço em relação a 2024, mas especialistas apontam que o índice ainda é baixo diante do volume de processos
Créditos: Assessoria
Duas em cada dez ações trabalhistas no Brasil resultaram em acordo durante os oito primeiros meses de 2025, segundo pesquisa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O percentual de 21% dos 3,4 milhões de processos representa um pequeno avanço em relação a 2024, quando o índice foi de 18%. Os dados foram divulgados pelo jornal Folha de S. Paulo.
A Justiça do Trabalho tem buscado incentivar a conciliação como forma de reduzir a sobrecarga processual e acelerar as soluções. Uma mudança nas regras de homologação de acordos, aprovada em outubro de 2024, permite que empregadores e empregados formalizem acordos extrajudiciais sem necessidade de ação judicial, o que, segundo o CNJ, deve contribuir para ampliar os índices nos próximos anos.
Apesar do crescimento, especialistas consideram o número ainda insuficiente diante do volume de litígios. O ministro aposentado Luís Roberto Barroso, que presidiu o CNJ no período em que a norma foi editada, defendeu que a conciliação seja tratada como prioridade no sistema.
Advogados ouvidos pela reportagem afirmam que a resistência das empresas em negociar acordos é um dos principais obstáculos. Muitos empregadores temem abrir precedentes para novas ações trabalhistas ou não dispõem de recursos para arcar com o valor proposto. “Fechar um acordo é a forma mais segura de encerrar o processo. Para as empresas, evita surpresas com condenações mais altas; para os trabalhadores, garante rapidez e segurança”, avaliou a advogada Cláudia Abdul Ahad Securato.
De acordo com especialistas, a cultura de litígio ainda predomina nas relações trabalhistas, com empregadores que tratam o processo “como uma disputa sem fim”, em vez de uma obrigação legal. O CNJ espera que a ampliação dos mecanismos de conciliação ajude a desafogar os tribunais e reduzir o tempo de tramitação dos processos, que hoje podem se arrastar por anos.
