Trump não confirma se planeja atacar o Irã e afirma ser "tarde demais" para acordo nuclear
Presidente dos EUA diz que “ninguém sabe” o que ele fará e critica Teerã por não ter buscado diálogo antes da escalada de violência
Por Gazeta do Paraná

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, evitou confirmar nesta quarta-feira (18) se pretende autorizar um ataque militar contra o Irã, em meio à crescente tensão no Oriente Médio. A declaração ocorre um dia após o republicano afirmar que os EUA sabem a localização do líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, mas que “não têm intenção de matá-lo, por enquanto”.
Ao ser questionado por jornalistas na Casa Branca sobre a possibilidade de uma ofensiva, Trump manteve o tom enigmático. “Posso fazer isso, posso não fazer isso... Ninguém sabe o que eu vou fazer”, respondeu. O governo iraniano, por sua vez, advertiu que qualquer ação militar dos Estados Unidos será respondida com “duras retaliações”.
A tensão entre os dois países ocorre em paralelo à escalada do conflito entre Israel e Irã, que se intensificou após a morte do general iraniano Ali Shadmani, chefe do Estado-Maior de Guerra, durante um bombardeio israelense em Teerã na terça-feira (17). Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), o alvo era um quartel-general militar. Em uma segunda ofensiva, Israel destruiu um depósito de combustível na capital iraniana, de acordo com informações da Al Jazeera.
O confronto teve início na quinta-feira (12), quando Israel lançou uma série de mísseis contra bases militares iranianas, alegando que Teerã estaria próximo de concluir a fabricação de sua primeira bomba nuclear — algo que o regime iraniano nega oficialmente.
Até o momento, os ataques resultaram em pelo menos 200 mortos no Irã e 24 em Israel, além de centenas de feridos. A comunidade internacional observa com preocupação a escalada, temendo um conflito de proporções globais. A Organização das Nações Unidas (ONU) e os países do G7 já fizeram apelos por um cessar-fogo e pela retomada imediata do diálogo. O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou a situação como "gravíssima" e pediu que “a diplomacia prevaleça”.
Em tom crítico, Trump afirmou que o Irã busca negociações, mas que seria “tarde demais”. “Eu disse: ‘Por que vocês não negociaram comigo antes de toda essa morte e destruição? Por que não fizeram isso duas semanas atrás? Teriam mantido um país inteiro. É muito triste ver isso”, declarou.
A possibilidade de um ataque direto ao líder supremo do Irã também foi levantada pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Em entrevista à ABC News, ele não descartou ordenar uma ofensiva contra Ali Khamenei. A imprensa americana revelou que, anteriormente, Trump rejeitou um plano israelense para assassinar o líder iraniano, temendo uma reação em cadeia. Netanyahu, no entanto, defendeu a medida. “Isso não vai escalar o conflito. Vai encerrá-lo”, afirmou.
Diante da escalada, Trump antecipou sua volta do Canadá, onde participava da cúpula do G7, e retornou a Washington na noite de segunda-feira (16), após um jantar com líderes do grupo. Segundo a Casa Branca, a decisão foi motivada pela “grave deterioração do quadro internacional”.
