O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira (16) que a tarifa de 50% imposta a produtos brasileiros tem motivação política. Segundo o republicano, a medida foi uma resposta ao que classificou como uma "desgraça" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe.

Taxamos 50% em um caso, o Brasil, porque o que estão fazendo com o ex-presidente é uma desgraça afirmou Trump, em entrevista na Casa Branca. Eu conheço o ex-presidente e ele lutou muito pelo povo brasileiro. Acredito que ele é um homem honesto, e o que estão fazendo com ele é terrível, completou.

A declaração reforça o tom político já presente na carta enviada por Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na semana passada, na qual o republicano apontou que o Brasil estaria promovendo uma “vergonha internacional” ao julgar Bolsonaro. “É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”, escreveu Trump no documento.

Além disso, Trump afirmou sem apresentar provas que a nova tarifa também se justifica por supostos ataques do Brasil “contra eleições livres” e pela “violação da liberdade de expressão dos americanos”.

Lula responde: “Brasil é soberano”

Em resposta, Lula declarou que o Brasil é um país soberano e não aceitará “ser tutelado por ninguém”. O presidente brasileiro cogitou aplicar a Lei da Reciprocidade Econômica, mas depois declarou que o governo só a usará “quando necessário”.

Vamos acionar a OMC [Organização Mundial do Comércio] e tentar uma solução diplomática. Se não houver resposta, adotaremos medidas a partir de 1º de agosto, disse Lula em entrevista ao Jornal Nacional.

A tarifa de 50% tem preocupado empresários e investidores brasileiros e norte-americanos. Na terça-feira (15), a Câmara de Comércio dos EUA e a Amcham (Câmara Americana de Comércio no Brasil) divulgaram nota conjunta alertando que o aumento de custos afetará consumidores e empresas dos dois países.

Governo brasileiro tenta diálogo

Ainda nesta quarta, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enviaram uma nova carta a Trump manifestando “indignação” com a medida e cobrando resposta à primeira comunicação enviada em maio.

Apesar dos esforços diplomáticos, até o momento o governo norte-americano não sinalizou abertura para negociações formais.