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Tarifaço dos EUA ameaça exportações do agro paranaense

Medida começa a valer na sexta-feira, 1º de agosto, e pode impactar até US$ 1,5 bilhão em vendas do Paraná para o mercado norte-americano

Por Eliane Alexandrino

Tarifaço dos EUA ameaça exportações do agro paranaense Créditos: Claudio Neves/Portos do Paraná

O agronegócio do Paraná pode ser duramente afetado pelas novas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, com vigência a partir de 1º de agosto. A medida ameaça até US$ 1,5 bilhão em exportações paranaenses, com destaque para os setores florestal, de café, piscicultura, carne bovina e suco de laranja — produtos que, juntos, representam parte significativa da pauta de exportação estadual para os EUA.

Em 2024, os Estados Unidos foram o segundo maior destino das exportações agropecuárias do Paraná, somando US$ 1,58 bilhão em vendas. Com a taxação, a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) expressa preocupação com a falta de ação do governo federal para reverter a decisão norte-americana. O presidente interino da Faep, Ágide Meneguette, cobrou maior empenho diplomático para proteger o setor rural, lembrando que as exportações sustentam milhares de empregos diretos e indiretos.

O setor mais ameaçado é o florestal. Apenas neste ano, o Paraná exportou US$ 681 milhões em produtos como madeira e papel para os Estados Unidos — cerca de 60% do total nacional. Com a iminência das tarifas, o segmento já sente os efeitos: contratos foram cancelados, embarques suspensos, contêineres retidos nos portos, além de anúncios de férias coletivas e demissões em algumas fábricas.

Outro setor vulnerável é o da piscicultura, principalmente a tilápia. Cerca de 89% de toda a tilápia exportada pelo Brasil vai para os EUA, sendo o Paraná um dos principais produtores. A cadeia do café também está na lista, especialmente o café solúvel e os cafés especiais, que vêm ganhando mercado internacional. Já o suco de laranja — produto no qual os Estados Unidos respondem por 41,7% das exportações brasileiras — pode ter sua competitividade reduzida.

A carne bovina, embora tenha menos dependência do mercado americano no Paraná, também pode sofrer reflexos, principalmente no segmento de couro, bastante exportado para os EUA. O impacto pode atingir empregos e renda em diversas cidades paranaenses que têm sua economia vinculada a esses setores.

O setor produtivo alerta para o risco de um efeito dominó: a imposição das tarifas pode gerar excedente de produção, aumento da oferta no mercado interno e queda nos preços pagos ao produtor. A Faep afirma que o governo brasileiro precisa atuar de forma mais estratégica, buscando diálogo com os EUA para tentar reverter ou minimizar os impactos da medida.

Texto e foto: Faep 

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