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Custos de produção definem desempenho do agronegócio no Paraná; café e soja lideram rentabilidade

Café mantém margem elevada, soja segue lucrativa e leite registra mais um mês de queda; boletim destaca impacto dos custos nas principais cadeias

Custos de produção definem desempenho do agronegócio no Paraná; café e soja lideram rentabilidade Créditos: Ari Dias/AEN

O comportamento dos custos de produção continua sendo o principal fator que orienta o desempenho das cadeias agropecuárias no Paraná. A avaliação aparece no novo Boletim Conjuntural do Deral, divulgado nesta quinta-feira (04), e mostra como rentabilidade, preços e logística estão diretamente ligados às despesas no campo, tanto para grãos quanto para proteínas animais.

Entre os destaques positivos estão café e soja, que seguem com boa lucratividade. Já leite, ovos e suínos enfrentam oscilações causadas pelo mercado internacional e pelas pressões de custo.

Café tem uma das melhores margens do setor

O café aparece como o setor mais favorável do momento. A produção estimada para 2025 é de 745 mil sacas beneficiadas, cerca de 10% acima do ciclo anterior (679 mil sacas). A melhora é atribuída a condições climáticas mais regulares, especialmente pela boa oferta hídrica.

Mais de 80% da safra já foi vendida, com preços acima de R$ 2 mil por saca durante boa parte do ciclo. A média atual supera em 15% a de 2024, quando o valor era de R$ 1.668,60. Com custo de produção estimado em R$ 1.137 por saca, o produtor trabalha com ampla margem.

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Soja mantém estabilidade nos custos e forte viabilidade

A soja segue com cenário positivo. O Deral calcula que o custo variável para produzir 55 sacas por hectare é de R$ 3.212, o equivalente a R$ 58,39 por saca, um aumento de apenas 0,76% frente ao ano passado.

A leve alta veio de transporte, sementes e fertilizantes, enquanto defensivos tiveram queda de 7%, ajudando a aliviar o impacto final. Com a saca negociada em torno de R$ 120, a lucratividade bruta estimada passa de 100%.

O plantio no Estado está praticamente concluído, com 99% da área semeada, totalizando 5,77 milhões de hectares.

Preço do leite cai pelo segundo mês seguido

O setor lácteo enfrenta um cenário oposto. Em novembro, o preço pago ao produtor caiu 5,74%, acumulando retração de cerca de 18% em 12 meses.

Indústrias paranaenses importaram 250 toneladas de leite em pó em outubro, alta de 25% sobre setembro. A tendência, no entanto, é de redução, após a entrada em vigor da lei estadual 22.765/2025, que proíbe a reconstituição de leite em pó importado no Paraná.

Suinocultura teve melhor rentabilidade do ano em outubro

A suinocultura registrou em outubro a maior margem de 2025, com rentabilidade de R$ 1,45 por kg. O preço pago ao produtor foi de R$ 7,22/kg, alta de 0,8% frente a setembro.

Segundo a Embrapa Suínos e Aves, o custo de produção ficou em R$ 5,77/kg, o segundo menor do ano e 3,5% abaixo do registrado em outubro de 2024. Para novembro, a projeção é de leve queda por causa do recuo de 1,2% no preço pago ao produtor.

Mercado de ovos sente efeito da tarifa dos EUA

O setor de ovos apresenta contrastes. De janeiro a outubro, o Brasil exportou 49.806 toneladas de ovoprodutos, crescimento de 36,8% em relação ao mesmo período de 2024.

O Paraná aparece como quarto maior exportador, com 5.641 toneladas e faturamento de US$ 28,4 milhões. Porém, o Estado registra queda anual de 33,3% no volume e de 24,4% na receita.

Os EUA continuam como principal destino, mas a tarifa de 50% aplicada em agosto derrubou as compras: de 3.774 toneladas em julho para apenas 41 toneladas em outubro.

Embora a tarifa tenha sido retirada para alguns produtos brasileiros, como café, carnes e frutas, os ovos ficaram de fora, e não há previsão de mudança.

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