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STF barra cobrança retroativa da contribuição sindical

Suprema Corte decide que trabalhadores não sindicalizados não podem ser cobrados por períodos anteriores e reforça direito de oposição e critérios de razoabilidade

STF barra cobrança retroativa da contribuição sindical Créditos: Bruno Carneiro/STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, afastar a possibilidade de cobrança retroativa da contribuição sindical de trabalhadores não sindicalizados. O entendimento foi firmado no julgamento de embargos de declaração no Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 1.018.459, Tema 935 da repercussão geral, seguindo o voto do relator, o ministro Gilmar Mendes.

No mesmo julgamento, o Plenário também vedou qualquer tipo de interferência de terceiros no exercício do direito de oposição à contribuição sindical e estabeleceu que os valores eventualmente cobrados devem respeitar critérios de razoabilidade e compatibilidade com a capacidade econômica da categoria profissional.

Segundo o relator, a decisão busca preservar um ponto de equilíbrio entre o fortalecimento da atuação sindical e a proteção das liberdades individuais dos trabalhadores. Para Gilmar Mendes, é possível recompor a autonomia financeira do sistema sindical sem violar a liberdade de associação, princípio constitucional que garante ao trabalhador o direito de não se filiar ou contribuir com entidades sindicais.

Modulação dos efeitos

A discussão chegou ao STF após questionamentos da Procuradoria-Geral da República (PGR), que apontou omissões no acórdão de 2023 que reconheceu a constitucionalidade da cobrança da contribuição assistencial, prevista no artigo 513 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), desde que assegurado o direito de oposição ao trabalhador.

A PGR defendeu a necessidade de modulação dos efeitos da decisão para impedir a cobrança retroativa, evitar interferências externas no direito de oposição e fixar parâmetros objetivos de razoabilidade para os valores exigidos. Esses pontos foram acolhidos pelo Plenário no julgamento mais recente.

Segurança jurídica e confiança

Ao justificar o afastamento da cobrança retroativa, Gilmar Mendes destacou que a tese anteriormente fixada gerou “legítima confiança” na sociedade quanto à sua aplicação. Segundo o ministro, uma mudança de entendimento não pode autorizar a cobrança de contribuições referentes a períodos anteriores, sob pena de violação aos princípios da segurança jurídica e da previsibilidade das decisões judiciais.

O STF também deixou claro que empregadores ou entidades sindicais não podem criar obstáculos que dificultem ou restrinjam o livre exercício do direito de oposição por parte do trabalhador. Além disso, definiu que a fixação dos valores da contribuição deve ocorrer de forma transparente, democrática e em assembleia, sempre observando a realidade econômica da categoria envolvida.

Com a decisão, a Corte reforça a proteção às liberdades individuais dos trabalhadores e estabelece limites claros para a atuação sindical, ao mesmo tempo em que preserva a possibilidade de financiamento das entidades representativas dentro dos parâmetros constitucionais.

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