Sindicalização cai para 8,9% no Brasil e atinge menor nível em 12 anos, aponta IBGE
Pesquisa do IBGE mostra recuo de 7,2 pontos percentuais desde 2012 e aponta impacto da reforma trabalhista e novas formas de emprego
Créditos: CUT/Divulgação
O número de trabalhadores filiados a sindicatos no Brasil caiu para 8,9% em 2024, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada nesta quarta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O percentual representa 9,1 milhões de sindicalizados entre 101,3 milhões de pessoas ocupadas no país.
O levantamento mostra que a taxa atual é 7,2 pontos percentuais menor que os 16,1% registrados em 2012, quando começou a série histórica. Embora a população ocupada tenha crescido 13,5 milhões de trabalhadores desde 2012, o número de sindicalizados não acompanhou a expansão do mercado de trabalho.
Reforma trabalhista e novas formas de contratação podem explicar queda
O IBGE aponta que a redução pode estar ligada ao surgimento de novas formas de trabalho, à ampliação de contratos flexíveis após a reforma trabalhista de 2017 e ao aumento de contratações temporárias no setor público.
A retração começou a se acentuar em 2016, ano em que a ocupação também caiu. Mesmo com a recuperação do emprego a partir de 2017, os sindicatos continuaram perdendo associados, chegando à menor taxa da série em 2023 (8,4%).
Sul tem maior índice; Centro-Oeste, o menor
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Sul: 9,8% dos ocupados são sindicalizados (maior taxa)
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Centro-Oeste: 6,9% (menor taxa)
No Nordeste, 10% das mulheres ocupadas são filiadas a sindicatos, sendo a única região onde a taxa feminina supera a masculina (8,9%).
Escolaridade influencia sindicalização
Entre os 9,1 milhões de sindicalizados:
| Escolaridade | Percentual |
|---|---|
| Ensino superior completo | 14,2% (maior taxa) |
| Ensino médio completo | 37,5% do total |
| Ensino superior completo | 37,2% do total |
| Fundamental completo / médio incompleto | 5,7% (menor taxa) |
Apesar da alta em relação a 2023, o nível superior teve forte queda desde 2012, quando o índice era de 28,3% (recuo de 14,1 p.p.).
Trabalhadores rurais são os únicos com queda em 2024
O grupo de agricultura, pecuária, pesca e produção florestal foi o único que registrou recuo na sindicalização frente a 2023, passando de 15% para 14,8%.
Outros segmentos com maior sindicalização em 2024:
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Administração pública, educação e saúde: 15,5%
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Indústria geral: 11,4%
No setor industrial, a taxa caiu quase à metade desde 2012, quando era 21,3%. O maior recuo do período ocorreu em Transporte, armazenagem e correio, que passou de 20,7% para 8,3%.
