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Santa Catarina lança Via Mar para desafogar trânsito da BR-101

Com 145 quilômetros de extensão, a Via Mar ligará Joinville, a cidade mais populosa do estado, ao Contorno Viário da Grande Florianópolis

Por Da Redação

Santa Catarina lança Via Mar para desafogar trânsito da BR-101 Créditos: Thiago Kauê/Governo de SC

O colapso da BR-101 no Litoral catarinense, tema recorrente no último verão e retratado pela Gazeta do Paraná como um dos maiores entraves à mobilidade regional, começa a encontrar uma resposta estruturada. O Governo de Santa Catarina autorizou o início dos projetos executivos da Via Mar, também chamada de Corredor Litorâneo Norte, uma nova rodovia estadual paralela à BR-101 que promete desafogar um dos trechos mais congestionados do país e redefinir a ligação entre Joinville e Grande Florianópolis. As informações foram dadas pelo Governador Jorginho Mello ao Portal ND Mais e a TV Record de Santa Catarina.

“A Via Mar vai impactar diretamente na vida de quem empreende, de quem trabalha, do turista. A BR-101 colapsou. Não adianta mais remediar, falar que precisa passar ali em determinado horário. Todos os horários estão congestionados. Então a Via Mar será alternativa”, disse o governador de SC em entrevista.

Com 145 quilômetros de extensão, a Via Mar ligará Joinville, a cidade mais populosa do estado, ao Contorno Viário da Grande Florianópolis, em Biguaçu, cruzando uma faixa territorial que concentra aproximadamente 60% da população catarinense. A proposta nasce da combinação entre pressão social, gargalos históricos e a necessidade urgente de alternativas para um corredor federal que, segundo o próprio governo estadual, já não suporta a demanda de moradores, turistas, trabalhadores e empresas.

A nova rodovia será dividida em cinco lotes e construída por meio de uma parceria público-privada (PPP). Em cerimônia realizada no dia 23, o governador Jorginho Mello assinou a ordem de serviço dos projetos de quatro dos cinco trechos iniciais, entre Joinville e Itajaí. O Estado iniciará a execução das primeiras etapas ainda no primeiro semestre de 2026, investindo cerca de R$ 1 bilhão dos R$ 7 bilhões previstos para a obra. O valor será posteriormente ressarcido pela concessionária vencedora, que assumirá a sequência da construção e a operação, incluindo a cobrança de pedágio.

Segundo Jorginho, a Via Mar nasce como um projeto “transformador” e inevitável diante da saturação da BR-101. Ele cita exemplos que se tornaram comuns no cotidiano do Litoral Norte, como o trajeto de empresários que leva até quatro horas entre Joinville e Florianópolis — percurso que, com a nova rodovia de seis pistas e velocidade prevista de 120 km/h, poderia ser reduzido para cerca de uma hora. Para o governador, o Estado está assumindo uma responsabilidade que deveria ser federal, uma vez que diversas obras da União no estado seguem atrasadas ou sem previsão clara de conclusão.

A Via Mar também é tratada como um instrumento estratégico de desenvolvimento econômico. Com a reorganização das contas públicas e economias acumuladas de aproximadamente R$ 2 bilhões, o governo afirma ter condições de iniciar a obra e atrair investidores. Jorginho destaca que fundos internacionais do Japão, da Rússia e da China, além de consórcios brasileiros, já demonstraram interesse no edital, descrito como um dos mais robustos da área de infraestrutura no país.

A construção, no entanto, não será simples. Técnicos apontam trechos com solo mole, áreas de arrozais e regiões que exigirão estruturas elevadas, o que torna o cronograma desafiador. A estimativa do governo é de que o prazo mínimo para conclusão, após a contratação da concessionária, seja de três anos.

A iniciativa surge em meio a críticas ao ritmo das obras federais em Santa Catarina. O governador voltou a lamentar a demora em intervenções como o Trevo da Antônio Heil, que acabou sendo executado pelo Estado, e o impasse envolvendo o Morro dos Cavalos, onde o governo federal pretende construir túneis avaliados em mais de R$ 1 bilhão cada. Para Jorginho, alternativas mais rápidas e de menor custo deveriam ser consideradas para evitar que Santa Catarina siga vulnerável a bloqueios frequentes na BR-101.

Pelo projeto apresentado, a Via Mar terá obras especiais como pontes, viadutos e contenções distribuídas ao longo dos cinco lotes. No trecho entre Joinville e a BR-280, por exemplo, estão previstos quatro pontes e dois viadutos; já entre Luis Alves e Itajaí serão oito contenções e diversas travessias elevadas. O segmento final, que conecta Itajaí ao Contorno Viário da Grande Florianópolis, soma 54 quilômetros e inclui estruturas que devem mitigar impactos ambientais e proporcionar fluidez ao novo corredor logístico.

A Via Mar representa, para o governo catarinense, uma resposta concreta ao esgotamento da infraestrutura federal. Para empresários, trabalhadores e moradores, simboliza a esperança de dias menos congestionados e de uma mobilidade compatível com o ritmo de crescimento do estado. E, para quem viveu os últimos verões no trânsito da BR-101, é o sinal mais claro de que as alternativas começam, enfim, a sair do papel.

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