Perícia confirma sanidade de juiz que viveu 40 anos com identidade falsa em São Paulo
Laudo do IMESC conclui que José Eduardo dos Reis, que se passou por “lorde inglês”, é consciente e pode responder por falsidade ideológica e uso de documento falso
Créditos: Reprodução
O juiz aposentado José Eduardo Franco dos Reis, que durante mais de 40 anos utilizou a identidade falsa de Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, foi considerado consciente e imputável por laudo do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (IMESC). O documento foi produzido a pedido da defesa e anexado ao processo que tramita sob segredo de Justiça.
O advogado do magistrado, Alberto Toron, havia apresentado anteriormente um laudo particular alegando que seu cliente sofria de Transtorno de Personalidade Esquizoide, o que o tornaria inimputável, ou seja, incapaz de responder criminalmente por seus atos. O promotor Maurício Salvadori, entretanto, contestou a alegação e solicitou uma perícia oficial, que acabou confirmando que o ex-juiz sabia exatamente o que estava fazendo.
Durante 25 anos, José Eduardo usou o nome falso para atuar como juiz em São Paulo, proferindo milhares de sentenças sob a identidade de um suposto descendente de lordes ingleses, personagem que, segundo as investigações, nunca existiu.
Apesar da vida paralela sob o nome fictício, ele mantinha contato com familiares e usava sua identidade verdadeira em situações pessoais. A farsa foi descoberta quando José Eduardo tentou emitir um novo documento no Poupatempo, o que levou à identificação da fraude.
Atualmente, ele responde a processo criminal pelos crimes de uso de documento falso e falsidade ideológica. A confirmação de sua plena capacidade mental reforça a possibilidade de que ele venha a ser responsabilizado penalmente pelos atos cometidos ao longo de sua carreira sob identidade fraudulenta.
