O desembargador João Ferreira Filho, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, é alvo de um procedimento administrativo disciplinar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sob suspeita de participação em um esquema de venda de sentenças. Segundo relatório da Polícia Judiciária, o magistrado gastou R$ 1.364.179,76 no cartão de crédito em 2023 — média mensal de R$ 113 mil, quase o triplo do valor registrado nos quatro anos anteriores.
No mesmo período, Ferreira Filho recebeu R$ 1.192.130,58 em salários, sua única fonte de renda declarada. Para os investigadores, a diferença entre receitas e despesas indica possível recebimento de propina. O relatório cita ainda a aquisição de apartamentos de alto padrão em Cuiabá, declarados à Receita Federal por valores até 43 vezes inferiores aos pagos, além de movimentações milionárias em três contas bancárias, incluindo compras de joias e relógios de luxo.
A investigação também aponta ligações do desembargador com o advogado Roberto Zampieri, suspeito de intermediar decisões judiciais mediante pagamento de vantagens indevidas. O corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell, destacou que o aumento expressivo dos gastos coincidiu com o período dos diálogos suspeitos entre magistrado e advogado.
A defesa nega qualquer envolvimento com atos ilícitos e afirma que o patrimônio de Ferreira Filho foi acumulado ao longo de mais de 30 anos de carreira na magistratura. Segundo os advogados, os gastos de 2023 foram cobertos por saldos positivos de anos anteriores.
Com informações da Folhamax.com