G9 assume protagonismo e divide espaço com base do governo na composição das duas CPIs contra a gestão Silva e Luna
Comissões miram contratos do Foztrans e decisão da Secretaria de Educação que recolheu livros de inglês da rede municipal
Créditos: Foto: Christian Rizzi
Bruno Soares
Foz do iguaçu
A Câmara Municipal de Foz do Iguaçu instalou nesta semana duas Comissões Parlamentares de Inquérito que irão investigar áreas estratégicas da administração do prefeito General Silva e Luna (PL). As formações revelam um arranjo político dividido entre integrantes do G9 (bloco informal que reúne nove vereadores e declara atuar de forma independente) e representantes diretos da base de apoio ao Executivo.
A CPI do Foztrans será composta por Anice Gazzaoui (PP), Cabo Cassol (PL) e Yasmin Hachem (PV). Duas das três cadeiras ficam com o G9 (Anice e Yasmin), enquanto Cassol, líder do governo no Legislativo, completa o colegiado. A comissão terá 180 dias para análise documental, realização de oitivas e diligências. A presidência e a relatoria serão escolhidas na primeira reunião.
O pedido que deu origem à CPI foi assinado por Anice Gazzaoui, Adnan El Sayed (PSD), Adriano Rorato (PL), Beni Rodrigues (PP), Professora Marcia Bachixte (MDB), Valentina Rocha (PT) e Yasmin Hachem. O documento elenca como pontos de investigação o contrato de R$ 25 milhões firmado sem licitação com a Celepar para gestão de multas de trânsito, a destinação dos valores arrecadados com autos de infração, a execução do contrato de sinalização viária e as condições estruturais e operacionais do terminal de transporte. O requerimento solicita ainda acesso integral aos contratos, relatórios internos, planilhas de arrecadação e registros de execução dos serviços, justificando a necessidade de esclarecer a situação administrativa e financeira do Foztrans.
A CPI da Educação, também instaurada nesta semana, irá apurar o recolhimento de livros de inglês utilizados por estudantes da rede municipal e eventuais interesses envolvidos na decisão da Secretaria Municipal de Educação. As obras foram devolvidas aos alunos após determinação judicial. A comissão será integrada por Valentina Rocha (PT), Yasmin Hachem (PV), Soldado Fruet (PL), Adnan El Sayed (PSD) e Ranieri Marchioro (Republicanos). Três membros (Valentina, Yasmin e Adnan) pertencem ao G9, enquanto Fruet e Ranieri são da base governista. O prazo de funcionamento também é de até seis meses, com funções internas a serem definidas na reunião inaugural.
O requerimento da CPI aponta que o recolhimento do material ocorreu sem justificativa técnica divulgada pela pasta, o que motivou pedidos de documentos e registros sobre a decisão. O texto destaca a necessidade de esclarecer quem determinou a retirada dos livros, quais critérios embasaram a medida e se houve participação de empresas, consultorias ou interesses externos no processo.
Com as duas comissões oficialmente instaladas, o Legislativo abre frentes distintas de investigação sobre decisões recentes da administração. A partir das próximas semanas, ambas as CPIs devem iniciar coleta de documentos e depoimentos, ampliando a pressão política sobre a gestão Silva e Luna.
Pelo regimento interno da Câmara, apenas duas CPIs podem funcionar simultaneamente. Com isso, a CPI do Asfalto, já protocolada e aguardando análise, ficará em espera até que uma das comissões em andamento seja concluída, momento em que deverá ser automaticamente instalada.
