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Envolvida em fraudes no INSS, Contag segue ampliando influência e recebendo benefícios do governo

Mesmo sob investigação por desconto ilegal de R$ 2 bilhões de aposentados, entidade é contemplada com assentos em conselhos nacionais e conquista novo decreto favorável

Envolvida em fraudes no INSS, Contag segue ampliando influência e recebendo benefícios do governo Créditos: Ton Molina

Entre 2019 e 2024, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) descontou cerca de R$ 2 bilhões de aposentados do INSS — grande parte, segundo a Polícia Federal, de forma ilegal. As investigações apontam que a entidade teria apresentado listas falsas com nomes de idosos que jamais autorizaram os descontos ou sequer sabiam da cobrança.

Apesar das suspeitas, a Contag segue ampliando sua presença e influência política. Desde o início do governo Lula, a confederação vem sendo contemplada com espaço em colegiados e decisões estratégicas. Em maio, passou a integrar o Conselho Nacional de Segurança Alimentar, e em agosto, ganhou assento também no Conselho Nacional de Direitos da Pessoa Idosa. Agora, a entidade foi convidada para participar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém (PA) em 2025.

A lista de conquistas cresceu ainda mais nesta semana. Atendendo a um pedido da Contag, o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, assinou um decreto que prorroga por quatro anos o prazo para exigência do georreferenciamento de imóveis rurais de até 25 hectares — procedimento técnico que define, com precisão, os limites e a localização das propriedades rurais.

O georreferenciamento é exigido por lei para registro, venda e regularização de imóveis. A Contag argumenta que o custo do processo é alto e dificulta o cumprimento das normas por pequenos agricultores. Com o novo decreto, a obrigatoriedade de identificação georreferenciada só passará a valer a partir de 21 de outubro de 2029.

Segundo a entidade, a medida representa uma vitória da agricultura familiar e integra a pauta do movimento “Grito da Terra Brasil”. Para o governo, o adiamento oferece mais tempo para adequação; para críticos, a decisão reforça o poder político de uma instituição ainda sob a sombra de investigações milionárias.

Com informações da Veja

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