corbelia setembro

Desembargador conta para mulher que foi filmado pelado na festa da cueca

Registros obtidos pelo ICL Notícias indicam que o magistrado temia vazamento de imagens e que o episódio teria sido citado em denúncias relacionadas à Lava Jato, hoje sob investigação da Polícia Federal

Desembargador conta para mulher que foi filmado pelado na festa da cueca Créditos: Assessoria

Um documento ao qual o ICL Notícias teve acesso revela que um ex-desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª Região participou de um encontro informal realizado em um quarto de hotel, em Curitiba, conhecido como “festa da cueca”, que contou com a presença de magistrados e garotas de programa. Segundo os registros, o então desembargador relatou à esposa que havia sido filmado nu durante o evento e demonstrava receio de que as imagens viessem a público.

De acordo com a documentação, o magistrado integrou julgamentos relacionados à Operação Lava Jato. Colaboradores da própria operação — atualmente investigados pela Polícia Federal — afirmaram que o episódio teria sido usado como forma de pressão para assegurar a manutenção de condenações. Um vídeo do encontro foi apreendido pela PF. Esta é a primeira vez, segundo o ICL Notícias, que um documento confirma a existência do episódio.

O material inclui a descrição de um arquivo de áudio no qual o então desembargador relata que estava “pelado em uma festa” e demonstra preocupação com a possibilidade de divulgação das imagens. A conversa, no entanto, teria sido gravada de forma ilegal. À época, o magistrado possuía foro por prerrogativa de função e foi interceptado pelo advogado Sérgio Costa, apontado como colaborador da 13ª Vara Federal de Curitiba.

Na quarta-feira (17), a jornalista Daniela Lima, no portal UOL, informou que a Polícia Federal encontrou, durante busca e apreensão na 13ª Vara Federal, documentos que indicariam a prática de interceptações contra autoridades com foro privilegiado, por meio de colaboradores ligados à Lava Jato.

O ICL Notícias também afirma ter tido acesso a um documento de julho de 2005 no qual o ex-juiz Sergio Moro solicita que um colaborador realizasse novas gravações de autoridades, por considerar materiais anteriores insuficientes. A busca e apreensão na vara ocorreu em 3 de dezembro, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, após reiteradas solicitações de envio de documentos e arquivos da Lava Jato que não teriam sido encaminhados à Corte.

A investigação da PF apura suspeitas de uso de colaboradores para grampear autoridades, com o objetivo de exercer pressões indevidas. O inquérito tramita sob sigilo de Justiça.

Em nota enviada ao ICL Notícias, a assessoria do senador Sergio Moro negou qualquer participação ou conhecimento de vídeos relacionados ao episódio, bem como a autorização de escutas contra desembargadores do TRF4. O senador também afirmou que são “mentirosas e fantasiosas” as alegações de chantagem contra magistrados que atuaram na Lava Jato.

Com informações do ICL Notícias

 
 
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