Crise leiteira no Paraná será tema de audiência pública na Alep na próxima terça-feira (21)
Produtores enfrentam prejuízos com queda nos preços e impacto das importações de leite em pó. Mesmo afetado pelas importações, o Paraná produziu cerca de 4,6 bilhões de litros de leite em 2024

Eliane Alexandrino/Cascavel
A cadeia produtiva do leite no Paraná vive um de seus momentos mais críticos. Produtores rurais relatam prejuízos, endividamento e desespero diante da queda nos preços pagos pelo litro do leite, enquanto os custos de produção seguem elevados mesmo durante o inverno, período em que tradicionalmente ocorre um aumento no valor pago ao produtor.
Com o objetivo de criar mecanismos que valorizem os produtores e a agricultura familiar, além de combater a concorrência desleal do leite reconstituído de origem estrangeira, a Assembleia Legislativa promove, na próxima terça-feira (21), às 9h, a audiência pública “Crise no Preço do Leite”, no Plenário da Casa de Leis.
A iniciativa é proposta em conjunto pelos deputados Luis Corti (PSB), Reichembach (PSD) e Luciana Rafagnin (PT), e reunirá parlamentares, representantes do governo estadual, entidades de classe e produtores de todas as regiões do Paraná.
Segundo os proponentes, a principal dificuldade enfrentada pelo setor é a queda do valor pago aos produtores, provocada principalmente pela concorrência com o leite em pó importado do Mercosul. O produto é reidratado no Brasil e comercializado com preços inferiores ao leite in natura produzido no Estado.
“O momento agora é de mobilização total. Quero ver o plenário lotado na terça-feira, com produtores de todas as regiões mostrando a força e a união do nosso setor. Essa audiência pública é um marco na luta por um preço justo e pelo respeito ao trabalho de quem vive do leite. Tenho tratado desse tema há anos, dialogando com produtores, indústrias e o Governo do Estado. Agora estamos muito perto de ver esse esforço se transformar em resultado concreto uma luz no fim do túnel para o produtor de leite do Paraná”, afirmou o deputado Luis Corti.
Entre as principais bandeiras defendidas por Corti está a proibição da reidratação de leite em pó importado para comercialização como leite fluido, tema central do Projeto de Lei nº 888/2023, de sua autoria. A proposta já foi aprovada nas Comissões de Constituição e Justiça e de Agricultura e segue agora para análise da Comissão de Indústria, Comércio, Emprego e Renda
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Pequenos produtores mais afetados
O deputado Wilmar Reichembach, coordenador da Frente Parlamentar de Apoio à Cadeia Produtiva do Leite, também alerta para os prejuízos acumulados há mais de duas décadas principalmente dos pequenos produtores rurais.
“Estamos unidos em favor desta causa, que envolve uma das principais cadeias produtivas do Paraná. Os produtores de leite têm amargado prejuízos incalculáveis. Precisamos unir forças com os governos estadual e federal para buscar soluções efetivas, garantindo condições justas e dignas a quem produz”, ressaltou.
A crise já havia sido tema de reunião anterior na Assembleia, que reuniu deputados, prefeitos, vereadores e produtores de municípios com forte dependência da economia leiteira. A audiência pública da próxima terça-feira busca aprofundar o debate e apontar caminhos práticos para a recuperação do setor.
“O que estamos vendo hoje é o produtor gritando por sobrevivência. Essa mobilização é legítima e necessária. Nosso papel é transformar essa voz em ação concreta dentro da Assembleia e do Governo”, afirmou Corti.
De acordo com dados do IBGE e da Conab, mais de 17 mil produtores de leite deixaram a atividade nos últimos cinco anos no Paraná. A combinação entre baixa rentabilidade, custos elevados e recorde de importações que em 2024 somaram 1,62 bilhão de litros, quase o dobro da média anual tem levado ao fechamento de propriedades e à redução da produção local.
“O leite é símbolo da luta e da dignidade das famílias do campo. O Paraná precisa garantir condições reais de competitividade para quem trabalha de sol a sol e mantém viva a economia rural. Essa causa não é de um setor, é de todo o Estado”, concluiu Corti.
Representantes municipais cobram soluções
O vereador Rodolfo Revers (PSB), de Quedas do Iguaçu que está engajado na luta pra melhores condições aos produtores de leite, reforçou a necessidade de uma ação coordenada entre os governos estadual e federal.
“A crise leiteira é um desafio regional e exige uma resposta rápida. Todos devemos trabalhar juntos para que as demandas do setor sejam atendidas de forma eficaz”, afirmou.
A presidente em exercício da Câmara de Quedas do Iguaçu, Carlise Priscila Kazmierczak (MDB), também destacou a importância do debate.
“Este debate é fundamental para que as questões que afetam os produtores de leite sejam tratadas com a urgência que merecem. A colaboração entre diferentes esferas é essencial para encontrar soluções eficazes e duradouras”, concluiu.
Fotos: Divulgação
