Em protesto, agricultores do Sudoeste pedem socorro diante da crise do leite
Situação tem levado centenas de famílias rurais ao limite financeiro, uma vez que os custos de produção como ração, medicamentos e energia, continuam elevados
Por Da Redação

Uma mobilização de produtores de leite tomou conta do trevo de acesso a São Jorge D’Oeste, no Sudoeste do Paraná, na última terça-feira (14). Agricultores, lideranças de cooperativas, sindicatos e representantes políticos de diversos municípios da região se uniram em protesto para cobrar ações concretas diante da crise enfrentada pelo setor leiteiro.
O principal alvo das críticas é a drástica redução no valor pago pelos laticínios aos produtores, que em muitos casos está abaixo de R$ 2 por litro. A situação tem levado centenas de famílias rurais ao limite financeiro, uma vez que os custos de produção, como ração, medicamentos e energia, continuam elevados.
Os manifestantes pedem que o governo adote medidas emergenciais para conter o agravamento da crise. Entre as reivindicações estão a criação de um preço mínimo nacional para o leite, uma subvenção direta de R$ 0,30 por litro durante 90 dias e a imposição de limites à importação de produtos lácteos vindos do Mercosul.
“Tem produtor recebendo menos de R$ 2 por litro, e quando vai comprar a ração, o medicamento, nada baixou. Queremos chamar a atenção das autoridades, vereadores, prefeitos, deputados, senadores e o presidente, todos precisam estar unidos pela nossa classe. Não importa de onde venha a ajuda, mas que o problema seja resolvido”, afirmou Lucas Daniel Felizardo, presidente da Cooperativa de Leite da Agricultura Familiar (Claf) de Dois Vizinhos.
Segundo Lucas, a crise atinge tanto pequenos quanto grandes produtores. “Toda vez que levamos uma pauta aos políticos, eles dizem que apoiam o agricultor, mas queremos ver quem realmente está conosco. Fazer discurso bonito é fácil. O nosso problema está tirando o sono de todos, porque quanto maior o produtor, mais investimento e mais dívida ele tem. Muitos estão abrindo mão até do lazer da família para conseguir pagar as contas”, completou.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sintraf) de Dois Vizinhos, Silvio da Silva, também participou da mobilização e cobrou fiscalização mais rigorosa sobre a entrada de leite importado. Para ele, o produto estrangeiro tem pressionado o preço pago aos produtores locais, sem que o consumidor final perceba qualquer redução no valor nas prateleiras.
“Não sei se é a entrada do produto do Mercosul que está nos complicando, mas sabemos que existem regras. O problema é que, na prática, a fiscalização não é suficiente. É preciso controlar a entrada do leite em pó e acabar com a reidratação. Além disso, defendemos que o leite e seus derivados sejam incluídos na merenda escolar e nos programas de distribuição de renda. Isso aumenta o consumo e ajuda o produtor”, afirmou Silvio.
Ele ainda questionou a diferença entre o preço pago ao produtor e o valor cobrado nos supermercados. “O consumidor continua pagando praticamente o mesmo preço de quando o litro era R$ 3,50, mas agora o produtor recebe pouco mais de R$ 2. Quem fica com esse lucro?”, questionou.
O movimento contou com o apoio de entidades de toda a região Sudoeste e busca sensibilizar o governo estadual e federal sobre a gravidade da situação. Nos últimos meses, o Paraná, segundo maior produtor de leite do Brasil, vem registrando uma retração expressiva na atividade, com propriedades reduzindo ou encerrando a produção.
*Com informações de Portal Educadora.
