pref santa tereza Setembro 2025

Em protesto, agricultores do Sudoeste pedem socorro diante da crise do leite

Situação tem levado centenas de famílias rurais ao limite financeiro, uma vez que os custos de produção como ração, medicamentos e energia, continuam elevados

Por Da Redação

Em protesto, agricultores do Sudoeste pedem socorro diante da crise do leite Créditos: Portal Educadora

Uma mobilização de produtores de leite tomou conta do trevo de acesso a São Jorge D’Oeste, no Sudoeste do Paraná, na última terça-feira (14). Agricultores, lideranças de cooperativas, sindicatos e representantes políticos de diversos municípios da região se uniram em protesto para cobrar ações concretas diante da crise enfrentada pelo setor leiteiro.

O principal alvo das críticas é a drástica redução no valor pago pelos laticínios aos produtores, que em muitos casos está abaixo de R$ 2 por litro. A situação tem levado centenas de famílias rurais ao limite financeiro, uma vez que os custos de produção, como ração, medicamentos e energia, continuam elevados.

Os manifestantes pedem que o governo adote medidas emergenciais para conter o agravamento da crise. Entre as reivindicações estão a criação de um preço mínimo nacional para o leite, uma subvenção direta de R$ 0,30 por litro durante 90 dias e a imposição de limites à importação de produtos lácteos vindos do Mercosul.

“Tem produtor recebendo menos de R$ 2 por litro, e quando vai comprar a ração, o medicamento, nada baixou. Queremos chamar a atenção das autoridades, vereadores, prefeitos, deputados, senadores e o presidente, todos precisam estar unidos pela nossa classe. Não importa de onde venha a ajuda, mas que o problema seja resolvido”, afirmou Lucas Daniel Felizardo, presidente da Cooperativa de Leite da Agricultura Familiar (Claf) de Dois Vizinhos.

Segundo Lucas, a crise atinge tanto pequenos quanto grandes produtores. “Toda vez que levamos uma pauta aos políticos, eles dizem que apoiam o agricultor, mas queremos ver quem realmente está conosco. Fazer discurso bonito é fácil. O nosso problema está tirando o sono de todos, porque quanto maior o produtor, mais investimento e mais dívida ele tem. Muitos estão abrindo mão até do lazer da família para conseguir pagar as contas”, completou.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sintraf) de Dois Vizinhos, Silvio da Silva, também participou da mobilização e cobrou fiscalização mais rigorosa sobre a entrada de leite importado. Para ele, o produto estrangeiro tem pressionado o preço pago aos produtores locais, sem que o consumidor final perceba qualquer redução no valor nas prateleiras.

“Não sei se é a entrada do produto do Mercosul que está nos complicando, mas sabemos que existem regras. O problema é que, na prática, a fiscalização não é suficiente. É preciso controlar a entrada do leite em pó e acabar com a reidratação. Além disso, defendemos que o leite e seus derivados sejam incluídos na merenda escolar e nos programas de distribuição de renda. Isso aumenta o consumo e ajuda o produtor”, afirmou Silvio.

Ele ainda questionou a diferença entre o preço pago ao produtor e o valor cobrado nos supermercados. “O consumidor continua pagando praticamente o mesmo preço de quando o litro era R$ 3,50, mas agora o produtor recebe pouco mais de R$ 2. Quem fica com esse lucro?”, questionou.

O movimento contou com o apoio de entidades de toda a região Sudoeste e busca sensibilizar o governo estadual e federal sobre a gravidade da situação. Nos últimos meses, o Paraná, segundo maior produtor de leite do Brasil, vem registrando uma retração expressiva na atividade, com propriedades reduzindo ou encerrando a produção.

 

*Com informações de Portal Educadora.

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