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Movimento pela recompra da Copel é lançado e debate falhas no fornecimento de energia

Encontro reuniu especialistas, sindicatos e comunidade para discutir impactos econômicos e sociais das quedas de energia no Paraná 

Por Eliane Alexandrino

Movimento pela recompra da Copel é lançado e debate falhas no fornecimento de energia Créditos: Assessoria

Os impactos econômicos provocados pelas interrupções no fornecimento de energia no Paraná, serviço sob responsabilidade da Companhia Paranaense de Energia (Copel), foram debatidos na noite desta terça-feira (9) durante audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep)

Proposto e organizado pelo deputado Arilson Chiorato (PT), líder da Oposição, o encontro também marcou o lançamento de uma campanha para reverter a privatização da Copel, realizada pelo governo do Estado em 2023.

“Quedas frequentes de energia, demora na religação e solicitações de serviço sem resposta. A Copel deixou de investir o que vinha sendo feito ao longo de 70 anos. Hoje temos uma empresa terceirizada, com quadros esvaziados por um Plano de Demissão Voluntária (PDV), que retirou 50% da força de trabalho", denunciou Chiorato. "A empresa que já foi a mais premiada no ramo hoje é a primeira em reclamações".

O parlamentar explicou que a mobilização consiste na coleta de assinaturas para apresentar um Projeto de Iniciativa Popular (PLIP) que permita ao Governo do Paraná recomprar ações da empresa e retomar o controle acionário. A coleta será realizada de forma presencial e virtual com certificação digital para que a população registre sua manifestação, indicando que a privatização foi um erro e que os paranaenses estão sendo prejudicados. Movimentos sociais que participaram da audiência se comprometeram a auxiliar na busca por signatários.

A coleta deve começar ainda em dezembro, com a meta de reunir ao menos 90 mil assinaturas. O detalhamento foi apresentado pelo ex-deputado estadual André Vargas, que informou que o abaixo-assinado estará disponível em plataforma digital ainda em desenvolvimento. A Constituição do Paraná exige, para que um projeto de iniciativa popular tramite no Legislativo, o apoio de 1% do eleitorado estadual, distribuído em ao menos cinquenta municípios, com participação mínima de 1% dos eleitores de cada um deles.

Impactos e sucateamento

A deputada Luciana Rafagnin (PT) listou os prejuízos sofridos pelo setor produtivo com os apagões. Segundo ela, entre os dias 21 e 22 de setembro, mais de 1 milhão de imóveis foram afetados. “Tivemos o caso de um produtor de frango de Capitão Leônidas Marques [município do Oeste] que perdeu cerca de oito mil frangos”, ilustrou a parlamentar. Na época, temporais assolaram a região e provocaram estragos em diversas cidades paranaenses. “No dia 24, tínhamos ainda mais de 12 mil imóveis sem energia”, denunciou. O problema também foi destacado por Tainá Guanini de Oliveira, secretária de Juventude Rural da Fetaep, e pelo advogado Fabrício Kleinibing, que abordaram a situação dos produtores de leite, avicultores e de tilápia. 

Para o deputado Professor Lemos (PT), a redução do quadro de funcionários após a privatização contribuiu para o enfraquecimento dos serviços. Mais de 1,4 mil eletricistas foram desligados, apontou. "A Copel é a maior empresa do Paraná e a 5ª maior do Sul do Brasil. Ela foi vendida por um preço vil. Parecia uma montanha de dinheiro, mas não é verdade. O Estado pode e deve recomprar as ações que entregou ao mercado e voltar a dar direção à Companhia". Lemos informou ainda que protocolou um requerimento para criação de uma comissão legislativa para acompanhar o problema das interrupções de energia no Estado.

"A Copel era grande como era e dava o retorno que dava, porque tinha como objetivo desenvolver o Paraná e melhorar a vida do povo. Quando o objetivo passa a ser ‘dar lucro’, deixam de se preocupar com manutenção preventiva, com a cidadania, com a qualidade do trabalho e a condição dos trabalhadores”, complementou a deputada Ana Júlia (PT).

O presidente do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR), Leandro Grassmann, apresentou análises que mostram aumento no tempo de reparo e nos gastos com compensações após a privatização. Com base em dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), informou que o tempo médio de conserto era de 1h30 em 2010 e passou para 4h30 em 2025. Já o valor total de compensações pagas em um ano a consumidores afetados saltou de cerca de R$ 100 mil para R$ 4 milhões. “Alertamos que haveria aumento nos lucros, nos dividendos e nos salários da diretoria, acompanhado de piora na qualidade e aumento das tarifas”, afirmou.

Alexandre Hungaro da Silva, presidente da Central dos Trabalhadores Brasileiros, destacou a redução no patrimônio da empresa, citando a venda de imóveis e da Usina Termelétrica a Gás de Araucária (Uega). “É importante mostrar o quanto a Copel diminuiu de tamanho. Não temos mais a Copel de 2023. A empresa está sendo fatiada e vendida em partes”, criticou.

A condição de moradores mais vulneráveis diante dos apagões e a necessária sensibilização da Companhia referente a quem ainda não é atendido pelo serviço foram defendidos por Ana Clara, representante do Movimento de Trabalhadoras por Direito (MTD/PR), e por Paulo Bearzoti, do Movimento Popular por Moradia (MPM). "Quando cai a luz nas comunidades, não é só apagão. Muitas vezes são perdidos eletrodomésticos. Pessoas que têm muito pouco sofrem um prejuízo enorme", frisou Ana.

O líder comunitário Davi Taborda criticou processos de reintegração de posse empreendidos pela empresa, especialmente em Almirante Tamandaré, município da região metropolitana de Curitiba (RMC). "Só lá são 5 km onde estão 240 famílias e cerca de mil pessoas", denunciou. A região em questão é atravessada por uma área de transmissão de energia elétrica.

Também participaram da mesa: Rodrigo Maia, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Petroquímica do Paraná (Sindiquímica/PR); Luciano Zanetti, secretário de finanças do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro/PR/SC); Carla Lima, membro da coordenação da Frente de Organização dos Trabalhadores do Paraná (Fort/PR); Nelsão da Força, vice-presidente e diretor da Força Sindical do Paraná; Ana Clara, representante do Movimento de Trabalhadoras por Direito (MTD/PR); Vanda de Assis (PT); Marlei Fernandes de Carvalho, da CUT; José Carlos, presidente do Sindicato dos Químicos do Paraná (Siquim/PR); e Andre Vargas, ex-deputado estadual e hoje secretário-geral do PT Paraná.

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Texto e foto: Assessoria

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