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Comitê aponta desvio bilionário e cobra providências na RJ de José Pupin

Relatório indica sistema financeiro paralelo que teria movimentado R$ 862 milhões fora do controle judicial. Credores avaliarão decretação de falência

Comitê aponta desvio bilionário e cobra providências na RJ de José Pupin Créditos: Folha do Estado

 

O Comitê de Credores da recuperação judicial do empresário José Pupin protocolou na 1ª Vara Cível de Campo Verde (MT) um relatório que aponta a existência de um sistema financeiro paralelo operado pela família do empresário, à margem da fiscalização do processo. O documento, apresentado em 17 de novembro, afirma que a empresa José Pupin & Cia movimentou cerca de R$ 862 milhões entre 2017 e 2025 sem qualquer controle do juízo, configurando “desvio sistemático de receitas” e uma estrutura “deliberadamente planejada” para escapar da supervisão.

Diante da falta de manifestação judicial sobre denúncias acumuladas ao longo dos 10 anos da recuperação, o Comitê convocou reunião extraordinária para 1º de dezembro. Nela, os credores decidirão sobre a decretação da falência, comunicação ao Ministério Público e medidas para tentar recuperar valores desviados. O grupo sustenta que há evidências de transferências a familiares, esvaziamento patrimonial e uso de contas não declaradas ao processo.

Segundo o relatório, José Pupin & Cia foi criada em 2015 e jamais incluída na recuperação judicial. Mesmo assim, teria operado como rota paralela de receitas provenientes de arrendamentos de fazendas, empréstimos extraconcursais, vendas agrícolas e alienação de ativos. O Comitê afirma que parte significativa dos recursos foi repassada a empresas controladas pelos filhos de Pupin, incluindo a GB Consultoria, descrita como “empresa de fachada” que recebeu mais de R$ 9,6 milhões sem comprovação de prestação de serviços. A Campo Verde Indústria de Óleo Ltda, administrada por Gustavo Pupin, teria recebido outros R$ 24,4 milhões, além de R$ 19,4 milhões transferidos diretamente de conta pessoal do empresário.

Para o Comitê, o cenário revela fraude contábil, omissão deliberada de receitas e esvaziamento completo da operação do Grupo Pupin, que seguiria sem caixa e sem ativos preservados enquanto valores continuariam circulando fora do alcance dos credores. O relatório conclui que o processo de recuperação judicial tornou-se insustentável, servindo apenas para perpetuar um passivo considerado “impagável”.

 

Com informações da Folha Max

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