Campanha pede cancelamento da venda da Copel e recompra de ações pelo Estado
Movimentos lançam projeto de iniciativa popular para retomar controle da companhia e apontam piora nos serviços após a privatização
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Partidos da oposição, entidades sindicais e movimentos sociais lançarão nesta terça-feira (9) às 18h , na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Paraná, uma campanha pelo cancelamento da venda da Copel. O movimento tem como objetivo iniciar a coleta de assinaturas para a apresentação de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP), que autoriza o Governo do Estado a recomprar as ações da companhia e retomar o controle acionário da empresa.
A expectativa é que a coleta de assinaturas comece ainda em dezembro e seja concluída até março de 2026. A meta é reunir, pelo menos, 90 mil assinaturas físicas em todo o Paraná.
De acordo com um levantamento recente, desde a privatização da Copel, em agosto de 2023, houve uma queda no nível de confiabilidade do serviço elétrico no Estado. Moradores de diversas cidades e áreas rurais relatam apagões constantes e prolongados, além de oscilações frequentes no fornecimento de energia. As reclamações aumentaram de forma significativa, e há denúncias públicas de que 388 dos 399 municípios paranaenses já registraram episódios recentes de falta de energia.
Dois dados obtidos junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) também devem ser apresentados durante a audiência pública. Um deles aponta que os consumidores estão sendo mais impactados pelo tempo de reparo entre a queda da energia e a retomada do serviço, possivelmente em razão da terceirização das equipes de manutenção. Outro levantamento mostra que as compensações por violações no nível de tensão saltaram de cerca de R$ 100 mil para R$ 5 milhões, sendo que o maior aumento ocorreu após a privatização da empresa.
O foco da audiência pública é demonstrar que, após a venda da Copel, houve redução do quadro próprio de funcionários e ampliação da terceirização, o que, conforme relatos de moradores, resultou em maior demora nos reparos e menor eficiência na manutenção da rede. Muitas reclamações também apontam a falta de materiais básicos para os consertos, o que pode indicar falhas na logística ou na gestão da manutenção.
A pressão sobre o sistema, segundo os organizadores do movimento, se intensifica durante eventos climáticos, como chuvas fortes, ventos e tempestades. Nessas situações, os efeitos têm sido considerados graves, com desligamentos em massa, prejuízos para produtores rurais e demora na religação da energia.
Projeto de Lei de Iniciativa Popular
Partidos políticos, sindicatos e movimentos sociais participam da audiência pública para denunciar a piora na qualidade do serviço e dar início oficial à coleta de assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP). Para que a proposta seja apresentada, é necessário atingir o equivalente a 1% do eleitorado estadual, distribuído em pelo menos 50 municípios, com, no mínimo, 1% dos eleitores de cada um.
As assinaturas podem ser coletadas de forma física ou eletrônica. No entanto, no caso das assinaturas digitais, somente serão consideradas válidas aquelas realizadas com certificado digital emitido por autoridade certificadora oficial.
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