Tornado devasta Rio Bonito do Iguaçu: cinco mortos e quase 500 feridos
Fenômeno classificado como tornado F2 devastou Rio Bonito do Iguaçu na sexta-feira, deixando cinco mortos, quase 500 feridos e destruição total no município do Centro-Sul
Por Da Redação
Créditos: Defesa Civil
Um cenário de guerra, com casas reduzidas a escombros, veículos tombados, postes retorcidos e famílias inteiras em desespero. Assim amanheceu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Centro-Sul do Paraná, após ser atingida por um tornado de grande intensidade no fim da tarde desta sexta-feira (7). O fenômeno natural, classificado preliminarmente como F2 na escala Fujita, com ventos entre 180 e 250 km/h, deixou cinco pessoas mortas, quatro no município e uma em Guarapuava, cerca de 500 feridos e provocou devastação total em diversos bairros da cidade.
Segundo o Corpo de Bombeiros do Paraná (CBMPR), 432 pessoas receberam atendimento médico, nove delas em estado grave, algumas precisando de cirurgia de emergência. Há dois desaparecidos, e as equipes continuam recebendo informações de familiares, o que pode elevar esse número nas próximas horas. A operação de busca e resgate mobiliza bombeiros, policiais militares, equipes da Defesa Civil, servidores municipais, voluntários e dezenas de profissionais de saúde.
Imagens divulgadas nas redes sociais e por equipes de resgate mostram um cenário impressionante, com ruas inteiras cobertas por destroços, veículos tombados, casas de alvenaria completamente destruídas e árvores arrancadas pela raiz.
O Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná) confirmou que a tempestade foi gerada por uma supercélula, tipo mais severo de formação atmosférica, e destacou que o tornado pode ter alcançado pontos com ventos superiores a 250 km/h, o que elevaria a classificação para F3. “Foram registrados tombamentos de veículos, quedas de árvores inteiras e inclusive de casas de alvenaria. A classificação do tornado foi baseada na análise dos danos e também nas imagens do radar meteorológico do Simepar”, afirmou o meteorologista Reinaldo Kneib.
A destruição se espalhou por toda a área urbana e também atingiu comunidades rurais. Há relatos de quarteirões inteiros arrasados, pontes destruídas e falta de energia elétrica e abastecimento de água. O policiamento foi reforçado para evitar saques e garantir a segurança dos moradores.
Mobilização estadual
O governador Carlos Massa Ratinho Junior sobrevoou a região na manhã deste sábado (8) acompanhado do secretário de Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira, do coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Fernando Schunig, do subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Jonas Emmanuel Benghi Pinto, e do secretário das Cidades, Guto Silva.
“Nós montamos uma força-tarefa para dar todo o apoio necessário para resgate de vítimas e atendimento de saúde. O Paraná foi atingido por ventos muito fortes e um tornado de nível elevado. Vamos atender emergencialmente todos que precisarem de ajuda e iniciar imediatamente o processo de reconstrução da cidade”, disse o governador.
O governo montou uma base de comando e coordenação no Quartel Central do Corpo de Bombeiros de Guarapuava, de onde partiram 50 bombeiros, incluindo 20 integrantes do Grupo de Operações de Socorro Tático (GOST), além de cães farejadores e helicópteros de resgate. As aeronaves, no entanto, aguardam melhores condições meteorológicas para operar sobre a área atingida.
Até o início da manhã, 25 bombeiros atuavam diretamente em Rio Bonito do Iguaçu e outros 39 estavam em deslocamento. O policiamento foi reforçado com unidades de várias regiões do estado, e um posto de comando com heliponto foi instalado em um campo de futebol local para coordenar o transporte de vítimas e equipes.
Ajuda humanitária
A Defesa Civil Estadual enviou para o município 2.600 telhas, 900 cestas básicas, 225 colchões, 220 kits de higiene, 54 bobinas de lona e outros suprimentos. Nas próximas horas, devem chegar mais 340 colchões, 300 cestas básicas, 50 kits de higiene, 100 kits de limpeza e 150 kits dormitório. O material está sendo concentrado em um abrigo em Laranjeiras do Sul, a menos de 20 quilômetros de distância, onde dezenas de famílias começam a ser recebidas.
As prefeituras da região abriram escolas e ginásios para acolher desabrigados e desalojados, mas ainda não há número oficial. As equipes locais relatam dificuldades no deslocamento devido a estradas bloqueadas por árvores, postes e destroços.
Os hospitais de Laranjeiras do Sul e Guarapuava estão sobrecarregados com o grande número de feridos. Ambulâncias do Samu e das regionais de saúde de Cascavel e Guarapuava foram enviadas para auxiliar nas transferências de pacientes mais graves.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o Hemocentro de Guarapuava enviou bolsas de sangue para atender a demanda urgente, e o Hemepar permanece em alerta para novos envios. A secretaria também distribuiu medicamentos, soro e insumos para reforçar o atendimento hospitalar.
“Estamos garantindo todo o suporte à rede de saúde regional. As equipes estão trabalhando sem parar desde a noite de sexta-feira”, informou a Sesa em nota.
Meteorologia explica
O Simepar aponta que o tornado foi provocado pela combinação de um sistema de baixa pressão atmosférica entre o Paraguai e o Sul do Brasil, associado ao deslocamento de um ciclone extratropical para o oceano. Essa formação intensificou a frente fria que avançou sobre o Paraná, provocando tempestades severas, vendavais e granizo em várias regiões do estado.
As rajadas de vento mais intensas foram registradas em Dois Vizinhos (82 km/h), Cornélio Procópio (76 km/h), Campo Mourão (74 km/h), Candói (73 km/h) e Cascavel (66 km/h), mas os ventos em Rio Bonito do Iguaçu ultrapassaram em muito esses valores.
Desde o início de novembro, o Paraná já enfrenta uma sequência de temporais e enchentes que deixaram 14 cidades em situação de emergência. O governo estadual afirmou que está liberando recursos emergenciais e reforçando a estrutura da Defesa Civil em todo o território.
