RESULT

Setor produtivo paranaense cobra ações do governo federal para aliviar crise no campo

O documento relata que muitos têm recorrido a crédito pessoal com juros elevados, o que agrava o endividamento

Por Da Redação

Setor produtivo paranaense cobra ações do governo federal para aliviar crise no campo Créditos: José Fernando Ogura/AEN

O setor agropecuário do Paraná reforçou ao governo federal a necessidade urgente de medidas para reduzir o impacto financeiro enfrentado pelos produtores rurais após sucessivas perdas climáticas e dificuldades de mercado. Em documento enviado no dia 7 de novembro à ministra Gleisi Hoffmann e aos ministros Carlos Fávaro e Paulo Teixeira, entidades pedem a revisão de regras da Medida Provisória 1.314/2025, a liberação de recursos para o seguro rural e ações para enfrentar a grave crise no setor leiteiro.

O ofício é assinado pelo governo do Estado, por meio da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), além de Ocepar, Sistema Faep, Federação da Agricultura do Paraná e Unicafes-PR. As instituições descrevem um cenário de forte pressão econômica no campo. “A agropecuária paranaense vive um momento de grande apreensão”, diz o texto, ao relatar perdas sucessivas provocadas por estiagens, granizo, ventos fortes e tempestades que destruíram lavouras e estruturas de produção.

Os eventos mais recentes, registrados desde 1º de novembro, ainda estão sendo dimensionados, mas já reforçam a dificuldade dos produtores em honrar compromissos financeiros. O documento relata que muitos têm recorrido a crédito pessoal com juros elevados, o que agrava o endividamento. As entidades pedem que o governo restaure o propósito original da MP 1.314/2025, criada para permitir a quitação ou amortização de dívidas de produtores afetados por eventos climáticos severos.

Segundo o setor, a resolução 5.247/2025 do Conselho Monetário Nacional restringiu o acesso ao benefício ao impor critérios “que, na prática, excluem uma ampla parcela de produtores rurais efetivamente atingidos”. O texto afirma que a medida do CMN “extrapola os limites da MP”, já que condiciona o acesso ao crédito à decretação de emergência ou calamidade e estabelece perda mínima de produtividade, deixando de fora, por exemplo, produtores de leite e regiões com danos acumulados inferiores ao percentual exigido.

As entidades também cobram que os estragos de novembro sejam incluídos em uma nova autorização de recursos, porque “os eventos climáticos deste início de novembro sequer estão contemplados na MP”. Paralelamente, pedem que o governo viabilize imediatamente os repasses destinados à subvenção ao prêmio do seguro rural, para impedir que o custo recaia diretamente sobre os produtores. “Esses valores precisam ser repassados com urgência”, alerta o documento.

A crise na cadeia leiteira é outro ponto central. O setor enfrenta queda no preço pago ao produtor, aumento dos custos de produção e concorrência com produtos importados. “O leite é sustento, dignidade e garantia de permanência do agricultor no campo”, diz o texto, que destaca o crescimento acelerado do endividamento das famílias. Embora o Paraná tenha aprovado lei que proíbe a reconstituição de leite em pó importado, as entidades afirmam que a medida precisa vir acompanhada de ações federais para recuperar a capacidade de pagamento das propriedades.

A mobilização integra o PRC300, plano estratégico coordenado pela Ocepar para fortalecer o cooperativismo e buscar soluções de financiamento para o setor produtivo. No encerramento da carta, as entidades reforçam que renegociações com juros de mercado são inviáveis diante das perdas acumuladas. E concluem: “Contamos com a vossa sensibilidade para que as medidas necessárias sejam adotadas, garantindo que o auxílio chegue a quem realmente precisa, sem barreiras burocráticas injustas.”

PIB

O Paraná alcançou Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 670 bilhões em 2023, valor 4,3% superior em relação a 2022, quando o indicador alcançou R$ 614,6 bilhões. Esse é o maior resultado da região Sul em termos absolutos e proporcionais (a variação de Santa Catarina foi de 1,9%, chegando a R$ 513 bilhões, e do Rio Grande do Sul de 1,3%, com R$ 650 bilhões). O crescimento do Estado também foi superior à média nacional (3,2%) na passagem de um ano para o outro. 

O PIB do Paraná só fica atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, consolidando posição acima do Rio Grande do Sul pelo segundo ano consecutivo. O Estado manteve 6,1% de participação no PIB nacional, a mesma de 2022, com a região Sul respondendo por 16,8%. Em 2021 a participação do Paraná era de 5,9%. As informações do Sistema de Contas Regionais foram divulgadas nesta sexta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

O Rio de Janeiro, que tem 10,7% da participação nacional, perdeu 0,7 ponto percentual de participação. Entre as maiores economias, Minas Gerais (8,9%) também perdeu espaço, com queda de 0,1 ponto percentual. O Sudeste como um todo teve redução de 0,3 ponto percentual em participação no PIB na passagem de 2022 e 2023, ficando em 53,%. Com viés de alta, o Sul cresceu 0,2 ponto percentual, chegando a 16,8%. Os estados que estão no fim da lista são Roraima, Acre e Amapá.

Acesse nosso canal no WhatsApp