GCAST

Revitalização de “redondo” da Unioeste gera críticas de alunos

O projeto prevê a mudança completa da fachada do local, com a remoção do mural em homenagem aos professores que foram vítimas de repreensão

Por Bruno Rodrigo

Revitalização de “redondo” da Unioeste gera críticas de alunos Créditos: Unioeste

Alunos da Unioeste estão insatisfeitos com uma grande revitalização que a Universidade deve fazer no contorno que dá acesso ao estacionamento da instituição de ensino, o famoso “redondo”. O projeto prevê a mudança completa da fachada do local, com a remoção do mural em homenagem aos professores que foram vítimas de repreensão policial em 2015. O anúncio aconteceu no dia 05 de fevereiro, e desde então, algumas instituições se manifestaram de forma contrária a mudança, apontando não só questões relacionadas ao mural, mas também a ambientação do espaço, já que as árvores que hoje estão plantadas no “redondo” devem ser todas cortadas com a implantação do novo espaço.

As obras anunciadas pela Unioeste como “reforma dos auditórios”, engloba todo o espaço que dá acesso a parte superior do Campus de Cascavel, e também da reitoria da universidade. O “redondo” atualmente serve como ponto de parada de veículos que transportam alunos e servidores até a universidade. Conforme o novo projeto, o contorno seria completamente destruído, dando espaço a um local de convivência para os alunos, com implantação de canteiros de flores, calçadas, bancos, além da manutenção da fonte que está no local, bem como da caixa d’água, que seria estilizada com uma representação da universidade.

As reclamações com relação a obra são muitas, e vão desde o corte das árvores até a remoção do mural. Dois Centros Acadêmicos Universitários se pronunciaram de forma contrária a reforma do espaço: O Centro Acadêmico de Biologia e o Centro Acadêmico de Pedagogia. Em nota divulgada nas redes sociais, o CABIO repudia a remoção do mural dedicado a homenagem aos professores. A proposta da Unioeste teria sido de reproduzir o mural no “caracol” da universidade, espaço de passagens de alunos que transitam entre os prédios. Segundo o CA, isso esconderia o mural, minimizando a importância da luta dos professores.

“O projeto anunciado pela direção de campus conta com a remoção do mural de homenagem aos professores que protestaram contra o projeto de reestruturação da previdência em 2015, onde foram brutalmente reprimidos pelo governador Beto Richa. Remover esse importante símbolo da luta dos professores e da resistência contra a violência do estado é uma forma lamentável de apagamento de memória aprovada pela direção. A reprodução do mural no caracol, embora possa parecer uma tentativa de preservar a memória do ocorrido, na prática, esconde o mural e minimiza a importância da luta dos professores”, diz parte da nota emitida.

Além disso, o Centro Acadêmico de Biologia, questiona a retirada das árvores e também da grama do local. Segundo o CA, as novas árvores que devem ser plantadas no espaço demorarão para crescer, e a substituição da grama por pavers fará com que o ambiente fique com uma temperatura elevada.

“A remoção de árvores pode ter diversos impactos negativos. As árvores, além de fornecerem sombra, contribuem para a absorção de água da chuva e para a manutenção da biodiversidade. Sua remoção, mesmo com a substituição por árvores em. vasos, implica na perda imediata desses benefícios, já que as novas árvores levarão anos para crescer e se desenvolver, e consequentemente necessita da implementação de algum funcionário para fazer a rega diária, já que suas raízes não se desenvolverão corretamente. Substituir a grama por paver agrava ainda mais a situação, pois o paver absorve mais calor que a grama, o que pode aumentar a temperatura do local e diminuir a capacidade do solo de absorver água da chuva, afetando o microclima e aumentando o risco de alagamentos”, diz a nota.

Por fim, o Centro Acadêmico pede que a Universidade abra um diálogo com alunos e servidores para a análise e adequação do projeto.

O CAPED, ou Centro Acadêmico de Pedagogia, segue a mesma linha das criticas do CABIO, questionando a retirada do mural em homenagem aos professores e também a sustentabilidade ambiental do campus.

“Reivindicamos um debate amplo e democrático sobre as mudanças estruturais no campus, garantindo que a memória da luta dos professores seja preservada e que a sustentabilidade ambiental seja uma prioridade. O patrimônio histórico e ambiental da Unioeste não pode ser negligenciado em nome de uma suposta modernização”, diz a nota do Centro Acadêmico.

Apesar das reclamações, a estrutura no local onde fica o “redondo” é precária. Uma revitalização no espaço é necessária, ainda que de uma forma que seja mantida a arborização e a representação histórica do local. O local tem aparência de abandono, com um banco velho e de cimento. A calçada que era construída no local, hoje se esconde em meio ao mato que cresce nas entranhas do paver.

Alunos também reclamam

Nos comentários de ambas as publicações, alunos também questionam as alterações no espaço. Um deles questiona problemas estruturais em outros prédios da universidade, que não são tratados como prioritários pela universidade.

“O CCBS com o teto caindo aos pedações, mas a prioridade é cortar árvores adultas pra plantar árvore em vaso?”, diz o comentário.

Outro aluno questiona a série de árvores que têm sido cortadas pela Unioeste. Ele ainda afirma que a universidade não tem área verde, e que o movimento tem sido contrário a isso, mesmo com a Unioeste tendo curso voltado a biologia.

“Cortaram todos os abacateiros, cortaram quaresmeiras, tiraram aquela linda árvore da frente da cantina, tiraram as sibipirunas... Só falta plantar palmeira e árvore em vaso. Desde 2017 esperando por uma área verde ampliada, inclusive com projetos do pessoal da Biologia de implementação de novas espécies, mas o movimento tem sido o contrário. Cidade de 40°C no verão sem árvores. Delícia de viver”, diz o acadêmico.

Há também quem diga que a mudança no espaço é um apagamento da cultura histórica de Cascavel.

“Assim como a Igreja do lago, vão só destruir e apagar a história, Cascavel é uma cidade que não preserva sua cultura histórica”, diz.

Entramos em contato com a Assessoria de Comunicação da Unioeste visando um posicionamento da Universidade a respeito das críticas ao projeto de revitalização do espaço. Até o momento, não recebemos retorno.