“Quero pagar, só não tenho dinheiro”: mulher vive escondida após ameaças de agiota
Empregada doméstica relata desespero após dívida com agiota se transformar em terror psicológico; caso é investigado pela Polícia Civil
Por Gazeta do Paraná

Uma mulher de 42 anos vive um verdadeiro pesadelo em Campo Grande (MS) após contrair uma dívida com um agiota. Desde que começaram as ameaças, ela deixou a própria casa e passou a viver escondida, temendo por sua vida e pela segurança de pessoas próximas.
“Ameaçaram pegar minha amiga e a família dela. Disseram que iam colocar fogo onde eu moro”, relatou a vítima em entrevista.
“Vontade de pagar eu tenho, só não tenho dinheiro.”
Dívida virou terror
A mulher, empregada doméstica, afirma que recorreu ao agiota após passar dificuldades para pagar o aluguel. A indicação veio de uma amiga. Sem exigência de garantias, ela pegou dois empréstimos de R$ 2 mil, cada um com juros altos: R$ 900 no primeiro e R$ 950 no segundo. Os pagamentos estavam combinados para os dias 8 e 20 de cada mês.
À época, ela estava empregada com carteira assinada e acreditava que conseguiria pagar, mas acabou sendo demitida e passou a trabalhar por diárias. O dinheiro começou a faltar.
“Tentei negociar, mas ele ameaçou ir no meu trabalho e tomar o carro do meu patrão. Fiquei desesperada e peguei mais R$ 2 mil com um amigo para pagar os juros. Depois, mais R$ 4 mil. Mesmo assim, ele continuava cobrando, com os juros aumentando a cada atraso.”
Medo constante e fuga
A vítima relata que vem pagando a dívida há cerca de um ano, mesmo sem conseguir manter os pagamentos em dia. Por medo das ameaças, ela passou a aceitar tudo o que o agiota exigia. “Teve mês que eu paguei certinho, mas agora não dá mais. Vivo fugindo.”
Na última segunda-feira (9), ela registrou boletim de ocorrência na 3ª Delegacia de Polícia Civil. O agiota chegou a mandar mensagens ameaçadoras, afirmando que colocaria fogo na casa com ela dentro, caso o valor não fosse pago até às 19h30.
Mesmo após a denúncia ter sido divulgada pela imprensa, o agressor continuou enviando mensagens. “Disse que ia me denunciar às autoridades. Mas quem está sendo ameaçada sou eu.”
Investigação e incerteza
O caso foi registrado como ameaça e está sob investigação. Enquanto isso, a vítima não pode voltar para casa. “Tenho dois cachorros lá, preciso cuidar deles, viver minha vida. Mas eles ficam vigiando a frente da minha casa, vendo que horas eu saio ou chego. É assustador.”
Ela conclui com um pedido que revela mais desespero do que negação: “Quero pagar, só não tenho dinheiro”.