Quedas do Iguaçu enfrenta crise financeira e desafios na gestão municipal
A crise, causada por um rombo de mais de R$ 15 milhões, resulta de uma série de dívidas
Por Gazeta do Paraná
O município de Quedas do Iguaçu, no Oeste do Paraná, vive um momento de dificuldades financeiras e administrativas, que só agora, com a gestão do recém-empossado prefeito Rafael Moura, estão começando a ser revelados. A crise, causada por um rombo de mais de R$ 15 milhões, resulta de uma série de dívidas deixadas pela administração anterior e compromete a execução de serviços essenciais à população.
Em entrevista ao Jornal Correio, Moura explicou que, entre os maiores passivos da prefeitura, estão os precatórios, que somam R$ 8,5 milhões, uma dívida de R$ 6,7 milhões referente à obra do hospital municipal, além de R$ 2,8 milhões em débitos com o INSS. “Só no transporte escolar, encontramos R$ 1 milhão em pagamentos atrasados. Alguns fornecedores sequer entregavam medicamentos por conta de notas pendentes desde maio do ano passado”, disse o prefeito.
Para superar o déficit e dar início ao processo de recuperação financeira do município, Rafael Moura adota uma estratégia de contenção de despesas. "Em janeiro, já conseguimos cortar contratos fraudulentos que nos permitiram economizar quase R$ 1 milhão por mês. A redução de secretarias também foi uma medida importante: de 15 para 9. Estamos reformulando a gestão, evitando desperdícios", detalha o prefeito.
Outro problema identificado logo no início da administração foi a precariedade da frota municipal, especialmente as máquinas utilizadas para a manutenção das estradas e outros serviços essenciais. "No dia 2 de janeiro, logo após assumir, detectamos os problemas. No dia 3, já convocamos os concessionários para diagnóstico. Só com o conserto dos painéis das máquinas gastamos mais de R$ 200 mil, um valor que não temos, mas que é necessário para o município funcionar", relatou Moura, destacando ainda o caos causado pela falta de máquinas para atender à demanda da população. "Recebemos diariamente fotos de bueiros quebrados e estradas intransitáveis. Sem as condições adequadas, ficamos em um impasse".
A administração também tem trabalhado para corrigir irregularidades detectadas na gestão anterior. A prefeitura encaminhou ao Ministério Público provas de desvios envolvendo máquinas pesadas do município. "Descobrimos que uma máquina que deveria ter trabalhado 7 mil horas foi registrada com 14 mil horas no sistema da gestão anterior. O desvio foi feito para maquiar crimes, e esse tipo de irregularidade precisa ser corrigido", afirmou Moura.
Em relação ao futuro, o prefeito projeta um ano de ajustes, com foco na reorganização administrativa antes de avançar em novos investimentos. "Pedimos paciência. Estamos estruturando os setores e colocando ordem na casa. Mas não estamos só corrigindo a bagunça. Graças à influência do meu pai, Nereu Moura, que foi deputado por oito mandatos, conseguimos acesso rápido ao Governo do Estado e ao Governo Federal. Já voltamos de Curitiba com diversas obras autorizadas", comentou o prefeito.
Uma das principais demandas da população de Quedas do Iguaçu é a pavimentação da estrada que liga o município a Rio Bonito do Iguaçu. Segundo Rafael Moura, o projeto que inclui essa pavimentação não estava sequer no radar do governo estadual. "Fui à Secretaria de Infraestrutura e Logística do Estado, e para minha surpresa, eles nem sabiam que essa estrada existia. Houve muita propaganda e promessas, mas o projeto não estava previsto. Levamos a proposta e nos comprometemos a realizar os estudos necessários. Essa obra vai beneficiar diretamente 4 mil famílias e representar um avanço significativo para o desenvolvimento de toda a região", afirmou o prefeito.
O município de Quedas do Iguaçu não foi o único a encontrar uma situação financeira desafiadora diante da troca de gestões. Recentemente a Gazeta do Paraná publicou uma matéria falando sobre o município de Pato Branco que chegou a abrir moratória diante das enormes dívidas que resultam na dificuldade em pagar as contas. Quedas, no entanto, não decretou moratória. A Gazeta do Paraná procurou o prefeito, a fim de compreender os reais impactos desta crise financeira, se os fornecedores estão sendo pagos, e o motivo de não ter optado por moratória. No entanto o prefeito não respondeu as nossas mensagens e nem atendeu nossas ligações.
Créditos: Redação