PREF CORBELIA  CAMPANHA: OUTUBRO/2025

Provas periciais elevam índice de elucidação de homicídios no Paraná a 97%

A produção de provas técnicas rápidas e precisas pelas polícias do Estado tem garantido subsídios fundamentais para as investigações e os processos judiciais

Por Da Redação

Provas periciais elevam índice de elucidação de homicídios no Paraná a 97% Créditos: Foto: PCIPR

O Paraná alcançou um dos maiores índices de esclarecimento de homicídios do País, chegando a 97% dos casos solucionados, segundo a Polícia Civil do Paraná (PCPR). O resultado é atribuído ao fortalecimento do trabalho pericial, que vem garantindo maior agilidade, precisão e qualidade técnica às investigações criminais. A atuação integrada entre a Polícia Civil e a Polícia Científica do Paraná (PCIPR) tem sido determinante para transformar vestígios e evidências em provas robustas, fundamentais para responsabilizar autores de crimes.

A delegada-chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Camila Cecconello, destaca que a perícia confere “objetividade científica às investigações”, permitindo que suspeitos sejam colocados na cena do crime com base em dados técnicos e não apenas em testemunhos. “O laudo pericial tem o poder de colocar o autor na cena de forma técnica e irrefutável, suprindo limitações da prova testemunhal, que muitas vezes é afetada pelo medo ou pela ausência de relatos diretos”, afirma.

Em 2023, o Paraná já havia registrado taxa de 84% de homicídios elucidados — superior aos 57,8% verificados nos Estados Unidos, conforme dados do FBI. Em 2024, o índice saltou para 97%, resultado que coloca o Estado como referência nacional em apuração de crimes letais. A PCPR adota metodologia baseada em padrões do FBI, o que permite comparar os resultados paranaenses com os de países que possuem tradição em estatísticas criminais.

Esse avanço é resultado direto da modernização da Polícia Científica do Paraná, que passou por um amplo processo de reestruturação nos últimos anos. Houve contratação de novos servidores, investimentos em tecnologia e criação da Central de Comunicação Pericial (Cecomp), ampliando a cobertura para todos os 399 municípios do Estado. “Até 2019, cerca de 50% dos homicídios não contavam com atendimento in loco da perícia”, lembra o diretor operacional da PCIPR, Ciro José Cardoso Pimenta. “Hoje, atuamos em todos os casos em que somos acionados, oferecendo provas robustas que fundamentam o inquérito e a ação penal”.

O impacto dessa expansão é visível nos números. Em 2017, a conclusão de um laudo pericial levava, em média, 32 dias. Em 2023, esse prazo caiu para 17 dias e, em 2024, chegou a apenas 10 dias. No mesmo período, o volume de laudos produzidos saltou de 89 mil para mais de 114 mil — um crescimento de 28%. Essa agilidade faz com que as provas técnicas cheguem rapidamente às delegacias e ao Ministério Público, fortalecendo o inquérito desde o início.

O trabalho do perito na cena do crime começa com o levantamento detalhado do local, a documentação e a coleta dos vestígios que possam explicar a dinâmica dos fatos. “Cada vestígio precisa ser identificado e coletado de forma adequada, com respeito à cadeia de custódia. Isso garante que as evidências sejam aceitas judicialmente”, explica Pimenta.

Entre as provas mais relevantes estão as perícias de local de crime, como balística, genética, papiloscopia, análise de imagens e vestígios digitais. As análises em dispositivos eletrônicos, por exemplo, têm sido cada vez mais decisivas, permitindo recuperar comunicações, deslocamentos e horários que comprovam o envolvimento de suspeitos. Já o confronto balístico pode demonstrar que uma arma apreendida com o investigado foi a mesma utilizada no crime, estabelecendo vínculo técnico direto entre autor e fato.

A papiloscopia também é considerada uma das ferramentas mais estratégicas. Por meio da identificação de impressões digitais, palmares e plantares, peritos da PCPR conseguem confirmar a presença de pessoas na cena do crime e identificar vítimas sem documentação. “Esses fragmentos, quando confrontados com bancos de dados, geram laudos irrefutáveis que sustentam a autoria e fortalecem o inquérito”, explica a papiloscopista Luciana Eberhardt Alves Rios.

Em Curitiba, o setor de perícia necropapiloscópica mantém uma busca ativa por familiares de vítimas identificadas, mas não reclamadas. Em parceria com a Polícia Federal e o Projeto Lumini, 115 famílias foram localizadas apenas em 2024, num trabalho que alia precisão técnica e sensibilidade social.

Outro fator essencial para os resultados positivos é a integração das forças de segurança. A comunicação constante entre investigadores e peritos permite alinhar linhas de apuração e agilizar as conclusões. “Quando policiais e peritos atuam de forma integrada desde o início, o resultado é uma prova mais ágil e consistente. A análise do perito pode direcionar a investigação, e o olhar do policial pode orientar a coleta de vestígios específicos”, explica a delegada Camila Cecconello.

Nos laboratórios, as perícias genéticas, balísticas e papiloscópicas utilizam sistemas integrados de informação, como a Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG) e o Sistema Nacional de Análises Balísticas (Sinab). Esses bancos permitem confrontar vestígios coletados em diferentes crimes, conectando casos aparentemente isolados e revelando a atuação de grupos criminosos.

“Quando a Polícia Científica identifica, por meio da balística, que a mesma arma foi usada em vários homicídios, às vezes em cidades diferentes, conseguimos integrar investigações e traçar uma linha única de apuração”, explica a delegada. “Essa vinculação técnica é fundamental para desarticular organizações criminosas e consolidar provas que resistem em juízo”.

Com a modernização da estrutura e o fortalecimento das equipes, o Paraná consolidou um modelo de investigação criminal baseado em ciência, integração e tecnologia. O resultado é um Estado com taxa de elucidação de homicídios que se aproxima da totalidade — um patamar inédito no País e referência para todo o sistema de segurança pública nacional.

Créditos: AEN Acesse nosso canal no WhatsApp