Procurador cita Porsche de juiz e lamenta sua “classe social inferior”
Em grupo de WhatsApp, procuradores reclamam de salário e citam Porsches de desembargadores para mostrar que estão em outra “classe social”

Uma troca de mensagens no WhatsApp entre membros do Ministério Público de São Paulo (MPSP) expôs o descontentamento de procuradores com a disparidade salarial em relação aos desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). O grupo, intitulado “Equiparação Já”, foi criado para reivindicar vencimentos equiparados aos da magistratura, mas os diálogos acabaram revelando críticas sobre o padrão de vida dos magistrados e comparações com outras carreiras.
Em uma das conversas, o procurador Márcio Sérgio Christino ironizou a diferença social e financeira: “Vocês já andaram de Porsche hoje?”, escreveu, mencionando desembargadores que exibiam carros de luxo nas redes sociais. Ele lamentou que os membros do MPSP estariam “mais próximos financeiramente dos servidores do órgão do que dos magistrados”, chegando a afirmar que a categoria estaria em uma “classe social inferior”.
A procuradora Valéria Maiolini reforçou a crítica ao relatar que um juiz conhecido comprou seu terceiro carro de colecionador, avaliado em mais de R$ 1 milhão, enquanto, segundo ela, os procuradores “brigavam para receber o mínimo”. Apesar da reclamação, registros apontam que Valéria recebeu R$ 90 mil em junho e tem média salarial de R$ 70,8 mil nos últimos nove meses.
As mensagens também mostram que procuradores chegaram a ironizar a aproximação salarial com o magistério em vez da magistratura. “Estamos nos tornando igual a magis… magistério”, disse Christino em tom de crítica.
Vazamento e repercussão
Questionado pelo Metrópoles, Christino inicialmente colocou em dúvida a autenticidade das mensagens, mas em seguida admitiu o incômodo no próprio grupo de WhatsApp, dizendo que havia um “vazador” monitorando as conversas. Ele atribuiu a divulgação ao contexto de disputa eleitoral no Conselho Superior do Ministério Público (CSMP), que escolherá novos membros em dezembro, e destacou ser candidato de oposição ao grupo ligado ao atual procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa.
Outro procurador, Luiz Faggioni, administrador do grupo, minimizou o episódio e afirmou que as falas foram irônicas. “É um grupo sindical, que busca o mesmo que a magistratura recebe. Parece que os caras tão querendo andar de Porsche, mas não é isso”, explicou.
As eleições internas no MPSP devem ocorrer em 6 de dezembro. Além de Christino, que se apresenta como oposição, devem concorrer o subprocurador-geral Wallace Paiva e o ex-subprocurador-geral José Carlos Cosenzo.
Com informações do Metrópoles
