Os novos rumos da Seleção Brasileira a um ano da Copa
A Gazeta do Paraná recorda as inúmeras mudanças no comando que antecederam a conquista do penta
Por Luciano Neves

Quando foi escolhido para comandar a Seleção Brasileira, no ano passado, Dorival Júnior parecia ser a aposta óbvia da CBF pelos bons resultados conquistados por Flamengo e São Paulo antes de ser comandante do Brasil. Dorival Júnior deixou um emprego bem consolidado no Tricolor Paulista para ser treinador do Brasil. Seu trabalho começou no dia 07 de janeiro de 2024. E terminou na última sexta-feira (28), quando recebeu o comunicado da demissão.
Um cenário nebuloso paira sobre a Seleção Brasileira, que tem campanha pífia nas Eliminatórias Sul-Americanas. Apesar da campanha ruim, deve ir para a Copa do Mundo do ano que vem, já que o continente sul-americano conta com seis vagas diretas, mais uma seleção que disputará a repescagem. Ou seja, a América do Sul pode ter sete representantes no Mundial de 2026, que será disputado nos Estados Unidos, no México, e no Canadá. Esta será a primeira Copa da história com três países como sedes.
Quem vai assumir a Seleção, ainda não se sabe. Existe uma grande possibilidade de um treinador estrangeiro assumir o time canarinho. O preferido da CBF é Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid. Jorge Jesus, ex-Flamengo, cresceu no conceito da entidade, caso tenha uma recusa do italiano. Abel Ferreira, do Palmeiras, Filipe Luís, do Flamengo, também são cotados. O certo é que o novo treinador terá a missão de consumar a vaga no Mundial e evitar mais vexames no ano que vem.
É fato também que a Seleção Brasileira está com tamanho descrédito que poucos acreditam na conquista do hexa no ano que vem. No entanto, quem tem aquele fio de esperança de um triunfo na América do Norte se apega a outro momento crítico da Seleção, que teve tantas trocas no comando técnico no ciclo entre uma Copa do Mundo e outra como agora. E que culminou na conquista do penta.
Depois que Tite anunciou a saída da Seleção Brasileiras após a Copa do Mundo de 2022, no Catar, o Brasil teve três treinadores diferentes. Ou seja, irá para o quarto comandante num período de quatro anos. Só recapitulando, esse ciclo começou com Ramon Menezes, treinador da Seleção Sub-20, como treinador interino. E ele não foi bem, o que obrigou a CBF correr atrás de um treinador. Na ocasião, já se falava de um acordo com Carlo Ancelotti, nunca confirmado pelo treinador italiano.
Eis que a entidade apostou em Fernando Diniz, que comandou o time canarinho e seguiu como treinador do Fluminense. O trabalho de Diniz começou em julho de 2023. Naquele ano, ele até conduziu o Tricolor das Laranjeiras ao título da Libertadores da América, conquista que até poderia respaldar o trabalho dele na Seleção. Mas não foi isso que ocorreu. E no início do ano passado, ele foi demitido. Depois, ele também ganhou as contas do Fluminense, foi para o Cruzeiro, sem sucesso, e hoje está sem clube. Numa atitude quase que desesperada, a CBF tirou Dorival Júnior do São Paulo. E hoje estamos nessa draga danada...
O caminho do penta
Mas antes do último título mundial da Seleção Brasileira, o time canarinho teve sucessivas trocas no comando técnico. Entre 1998 e 2002, foram quatro técnicos. Todos com resultados questionáveis. Após o vexatório vice mundial – derrota para a França, em 1998, chegou ao fim a Era Zagallo, na Seleção. E a CBF fez uma aposta meio óbvia. Naquele momento, apostou em Vanderlei Luxemburgo. No primeiro semestre de trabalho, ainda em 98, ele acumulou os cargos de técnico da Seleção e do Corinthians. Até foi campeão brasileiro com o Timão naquele ano e depois se dedicou exclusivamente para a Seleção. Em 1999 ganhou a Copa América com autoridade. Mas perdeu a final da Copa das Confederações para o México no mesmo ano, derrota que já provocou questionamentos. A derrocada de Luxemburgo ocorreu em 2000, quando a Seleção caiu nas quartas das Olimpíadas de Sydney. Já nas Eliminatórias, Candinho trabalhou em dois jogos como interino. E a CBF apostou em Emerson Leão. Ele também teve seus fracassos: derrotas em Eliminatórias e resultados péssimos na Copa das Confederações de 2001. Resultado? Demissão e nova aposta óbvia da CBF. A entidade tirou Luiz Felipe Scolari do Cruzeiro.
O próprio Felipão teve seus perrengues. Estreou com derrota para o Uruguai, nas Eliminatórias. Depois foi para a Copa América de 2002, na Colômbia, com um time sem os principais nomes. O Brasil teve uma derrota histórica para Honduras por 2 a 0 nas quartas de final. Mas Felipão cumpriu a meta e conquistou a vaga para a Copa de 2002, no Japão e na Coreia do Sul. A classificação só veio na última rodada, após uma vitória por 3 a 0 sobre a Venezuela, com um time bem diferente do que ele levou para a Copa no ano seguinte. Mas na primeira Copa do oriente, 100% de aproveitamento. Sete vitórias em sete jogos e a taça do penta na mão. Lá se vão quase 23 anos. Êh saudade... Será que acontece de novo?
Créditos: Luciano Neves