Quedas de energia prejudicam pesquisas na Unioeste; direção promete solução com novo gerador
Faltas de energia comprometem pesquisas no campus de Cascavel da Unioeste; direção trabalha em projeto para instalação de gerador
Pesquisadores do Campus de Cascavel da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) têm enfrentado sérios problemas que prejudicam e dificultam diretamente a continuidade de seus trabalhos: são quedas recorrentes de energia. A professora Sabrina Grassiolli, pesquisadora do Programa de Pós-Graduação de Biociências e Saúde e também presidente do sindicato dos docentes (Adunioeste), entrou em contato com a equipe de reportagem desta Gazeta para expor a situação, que vem prejudicando os laboratórios da universidade.
Segundo Sabrina, esses laboratórios lidam com materiais sensíveis e de alto custo, como tecidos celulares e modelos experimentais, que precisam ser armazenados em ultra-freezers capazes de atingir temperaturas de até -80°C. As falhas no fornecimento de energia têm comprometido experimentos científicos, causando a perda de amostras e danos a equipamentos.
“Já é a terceira ou quarta vez que isso acontece. A falta de energia dura horas, e perdemos amostras de experimentos fundamentais para teses e dissertações. É dinheiro e trabalho jogados fora. É uma situação básica que poderia ser resolvida com a instalação de geradores, mas até hoje a universidade não tomou providências”, relata a professora Sabrina.
Como a energia da universidade não vem suportando a carga para os equipamentos, Sabrina acredita que geradores de energia resolveriam o problema. Segundo a professora, a Unioeste carece de geradores para emergências. Desde 2015, são feitos pedidos para a instalação de sistemas de backup energético, mas nenhuma solução definitiva foi apresentada. “De lá para cá, já perdemos amostras e equipamentos mais de quatro vezes. São prejuízos incalculáveis, não apenas financeiros, mas também acadêmicos e científicos”, afirma.
Os danos causados pelas interrupções elétricas vão além da destruição de amostras. Projetos financiados por editais do governo federal, que demandam rigorosos prazos e resultados, também estão sendo comprometidos. Sabrina afirma que pesquisadores perdem meses de trabalho por conta dos materiais que descongelam e se tornam inutilizáveis.
“Levo seis meses para desenvolver um modelo experimental. Quando as amostras são perdidas, todo esse tempo é desperdiçado. Além disso, temos compromissos com dissertações de mestrado, teses de doutorado e projetos de iniciação científica. Essa falta de infraestrutura prejudica não só os pesquisadores, mas também a formação acadêmica dos alunos”, explicou.
A falta de diálogo entre a direção da universidade e a comunidade acadêmica também tem gerado descontentamento em relação ao uso dos recursos destinados à infraestrutura. “Há um discurso oficial de que há investimento em infraestrutura nas universidades. Mas, na prática, problemas básicos como esse não são resolvidos. Não sabemos para onde vai o dinheiro. As decisões parecem ser tomadas sem consultar quem está diretamente envolvido”.
Mesmo com uma organização interna para propor soluções, a resposta da Unioeste, segundo Sabrina, é ineficaz. “Não somos nós, os professores, que temos que instalar geradores. A universidade deveria garantir condições básicas de trabalho. Infelizmente, não é o que acontece”.
Após anos de tentativas frustradas de resolver o problema internamente, os pesquisadores decidiram tornar público o caso na esperança de chamar a atenção para a urgência da situação. “É inaceitável que a ciência, já tão fragilizada no Brasil, sofra com a falta de algo tão básico como energia elétrica. Precisamos de ações concretas, não de mais promessas”, conclui.
O que diz a Unioeste?
Em nota enviada à nossa equipe, por meio da Assessoria de Comunicação, a Direção Geral do Campus de Cascavel afirmou estar ciente da situação e que trabalha na elaboração de um projeto técnico direcionado. A nota destaca que, desde o início da nova gestão, composta por Alexandre Webber, há compreensão dos fatos relatados acima, já que, nos últimos dois meses, ocorreram duas quedas de energia que impactaram o andamento das atividades do campus. A direção entende que a comunidade acadêmica não pode ser prejudicada e reforça a responsabilidade da Copel pelas constantes quedas de energia, motivo pelo qual a universidade busca respostas continuamente.
A direção também informou que está em andamento a elaboração de um projeto para a instalação de um gerador no Campus de Cascavel. Além disso, a nota relembra que, nos últimos meses, foi realizado um investimento significativo na troca da rede elétrica do prédio antigo, que anteriormente não suportava o funcionamento de aparelhos de ar condicionado.
Por fim, a nota reforça que a universidade segue empenhada em evitar que episódios como esses voltem a acontecer. No entanto, destaca que a aquisição de um equipamento de grande porte, como um gerador, exige tempo e recursos. Por isso, a instituição mantém o compromisso com o atual projeto técnico e segue buscando soluções junto à companhia de energia elétrica responsável pelo fornecimento para toda a população paranaense.