Operação Pecúlio: advogado condenado é preso em São Paulo
A prisão ocorreu com base em um mandado expedido pela Vara de Execuções Penais de Foz do Iguaçu, que estava em aberto desde setembro
Por Da Redação

Mais um desdobramento da Operação Pecúlio, considerada a maior investigação de corrupção política já realizada em Foz do Iguaçu, voltou aos holofotes nesta semana. O advogado Egídio Fernando Arguello Júnior, condenado por participação no esquema que desviou milhões de reais dos cofres públicos, foi preso no município de Mairiporã, na região metropolitana de São Paulo.
A prisão ocorreu com base em um mandado expedido pela Vara de Execuções Penais de Foz do Iguaçu, que estava em aberto desde setembro de 2024. Contudo, a legalidade da detenção tem sido duramente contestada pela defesa do advogado, que afirma que Egídio não é foragido, possui endereço fixo e havia se colocado à disposição da Justiça desde que sua condenação foi confirmada.
Segundo a advogada Samara Batista Santos, responsável pela defesa, o mandado foi expedido com base em uma guia de execução penal desatualizada, que inclui crimes cuja punibilidade já teria sido extinta pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Dessa forma, a pena atualizada de Egídio seria de 3 anos, 3 meses e 22 dias, passível de cumprimento em regime aberto, e não em reclusão, como aplicado.
Na audiência de custódia, realizada em Guarulhos (SP), o juiz de plantão decidiu manter a prisão e remeteu o caso ao Judiciário de Foz do Iguaçu para reanálise. A defesa protocolou um habeas corpus com pedido de liminar e também acionou órgãos institucionais para investigar o que considera uma possível perseguição política.
Egídio Arguello foi condenado por participação em crimes investigados na Operação Pecúlio, deflagrada pela Polícia Federal em abril de 2016. A investigação revelou um esquema de corrupção sistemática, desvio de verbas públicas e fraudes em contratos, especialmente na área da saúde. Os recursos desviados envolviam contratos com empresas terceirizadas que prestavam serviços para a prefeitura.
O escândalo provocou uma crise institucional sem precedentes em Foz do Iguaçu. O então prefeito, Reni Pereira, virou réu por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O Legislativo municipal também foi fortemente atingido: dos 15 vereadores eleitos à época, 12 chegaram a ser presos durante as investigações, demonstrando a profundidade e o alcance da rede de corrupção desmantelada.
Na nota oficial, a advogada Samara Santos afirma que seu cliente “nunca foi foragido, sempre esteve à disposição da Justiça” e que a prisão foi pacífica, sem qualquer tentativa de resistência ou ocultação. Ela denuncia que o caso configura um atentado ao devido processo legal e afirma que Egídio está sendo alvo de “perseguição institucional e política”, especialmente por sua atuação como advogado em processos delicados no contexto da própria Pecúlio.
A defesa sustenta ainda que houve omissão judicial na audiência de custódia, uma vez que o juiz responsável teria se recusado a avaliar os argumentos de ilegalidade e limitou-se a encaminhar o caso ao juízo de origem. Diante disso, os advogados agora aguardam a manifestação do Tribunal competente sobre o habeas corpus, que poderá reverter a prisão e garantir que o restante da pena seja cumprido em regime aberto, como defendido.
Confira a nota na íntegra:
A advogada Samara Batista Santos, representante legal do advogado Egídio Fernando Arguello Júnior esclarece que sua recente prisão, cumprida por mandado da Vara de Execuções Penais de Foz do Iguaçu/PR, é flagrantemente ilegal.
O mandado se baseia em guia de execução desatualizada, que considera crimes cuja punibilidade já foi declarada extinta pelo STJ, resultando em pena atual de 3 anos, 3 meses e 22 dias, que, por lei, deve ser cumprida em regime aberto.
Apesar de ser réu primário, com bons antecedentes, endereço fixo em Santana de Parnaíba/SP há quase 3 anos, e de ter atualizado formalmente o endereço nos autos, além de ter pedido expressamente a correção da guia e do regime para que pudesse se apresentar perante a justiça de forma correta, o Estado manteve a prisão com base em documento viciado, o que fere a legalidade penal e o devido processo legal.
Em audiência de custódia realizada em Guarulhos/SP, o juízo se limitou a afirmar que a questão era “de mérito” e mandou remeter ao juízo de origem, sem enfrentar o vício evidente da prisão.
A defesa já impetrou Habeas Corpus com pedido liminar e está tomando medidas perante órgãos institucionais para apurar possível perseguição política e responsabilizar os envolvidos pela perpetuação da ilegalidade.
Egídio nunca foi foragido, sempre esteve à disposição da Justiça, e sua atuação como advogado sempre foi pautada pela legalidade e coragem. O que está em curso não é apenas um erro, é um risco real à credibilidade do próprio sistema de justiça.
É importante destacar que não houve nenhuma tentativa de ocultação, fuga ou resistência à Justiça. A prisão se deu sem resistência, de forma pacífica, após cooperação e diálogo com autoridades locais.
Não se descarta, inclusive, a hipótese de perseguição institucional, considerando os interesses políticos envolvidos na operação a qual Egídio atuou.
