Número de mortos em operação no Rio supera massacre do Carandiru e marca a ação policial mais letal do país
Com mais de 130 mortos, operação contra o Comando Vermelho ultrapassa tragédia de 1992 em São Paulo e reacende debate sobre violência policial no Brasil
 Créditos: Marcello Casal JrAgência Brasil
                Créditos: Marcello Casal JrAgência Brasil
                A megaoperação policial realizada nesta terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, tornou-se a ação policial mais letal da história do Brasil. O número de mortos já supera o do massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, em São Paulo, até então considerado o episódio mais violento do país.
Segundo dados do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), 132 pessoas morreram, incluindo quatro policiais, dois militares e dois civis. O balanço do governo estadual divulgado mais cedo registrava 119 mortos.
O massacre do Carandiru, até então o mais sangrento, resultou na morte de 111 presos durante uma intervenção da Polícia Militar paulista para conter uma rebelião na Casa de Detenção.
Diferente da ação de 1992, a operação no Rio teve como foco a desarticulação do Comando Vermelho (CV), facção que controla áreas estratégicas da capital fluminense. Até o momento, a Polícia Civil confirma 113 prisões, em uma ofensiva que reuniu cerca de 2,5 mil agentes.
Moradores denunciam corpos levados à praça
Durante a madrugada desta quarta-feira (29), moradores do Complexo da Penha levaram ao menos 72 corpos à Praça São Lucas, em protesto contra a falta de informações oficiais. Segundo relatos, os cadáveres foram retirados de áreas de mata que separavam as comunidades da Penha e do Alemão, locais onde houve os confrontos mais intensos.
Testemunhas afirmam que alguns corpos apresentavam marcas de tiros, perfurações por faca e ferimentos nas pernas. Familiares e vizinhos se reuniram na praça para tentar reconhecer as vítimas.
Comparação com o Carandiru
A operação no Rio supera o massacre do Carandiru, que por mais de três décadas foi considerado, por organizações de direitos humanos, a ação policial mais letal da história brasileira.
Em 2024, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) extinguiu as penas dos 74 policiais condenados pela morte de 77 detentos, após o indulto presidencial concedido em 2022 pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL).
Enquanto o caso paulista foi motivado por uma rebelião interna, a operação fluminense buscava atingir estruturas de facções criminosas, o que, segundo analistas, demonstra o agravamento da militarização da segurança pública e a ausência de coordenação entre os entes federativos.
 
                
                
            
 
																			 
																			 
																			 
																			 
																			 
																			 
																			 
																			 
                     
                     
                    