Em um dos casos mais chocantes de abandono já registrados na Europa, o corpo mumificado de Hedviga Golik, enfermeira nascida em 1924, foi encontrado em maio de 2008, 42 anos após sua morte, em seu pequeno apartamento no bairro de Medveščak, em Zagreb, capital da Croácia.

O detalhe mais perturbador: a televisão ainda estava ligada, e o corpo permanecia intacto, deitado na cama com cobertores, uma xícara de chá ao lado e rodeado por teias de aranha como se o tempo tivesse parado.

Hedviga era conhecida por levar uma vida extremamente solitária e reclusa. Morava sozinha em um sótão de apenas 18 metros quadrados e evitava ao máximo o contato com vizinhos. Segundo relatos, chegou a usar um balde amarrado a uma corda para passar listas de compras pela janela, recusando-se a sair de casa até mesmo para itens básicos.

Após seu súbito desaparecimento nos anos 1960, rumores circularam sobre uma possível mudança para a casa de parentes ou envolvimento com alguma seita. Contudo, nenhuma investigação formal foi feita à época. Por mais de quatro décadas, ninguém suspeitou que Hedviga jazia no mesmo apartamento, até que em 2008 o prédio passou por uma vistoria para reformas. Foi então que a porta foi arrombada e o corpo, finalmente encontrado.

A autópsia indicou que a morte provavelmente ocorreu em uma estação fria, o que teria contribuído para um processo de mumificação natural. A causa exata da morte, no entanto, não pôde ser determinada.

O caso gerou repercussão internacional. O The Guardian destacou a omissão coletiva da sociedade, enquanto o Daily Telegraph revelou que as contas de luz continuavam sendo pagas até 2005 por um arquiteto já falecido. Já o New York Times usou o caso como exemplo trágico do isolamento nas grandes cidades, apontando a falta de laços comunitários como um fator preocupante na vida contemporânea.

Com informações do Correio 24 Horas