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Moradores da Penha e do Alemão protestam em frente ao Palácio Guanabara após operação com mais de 100 mortos

Manifestantes acusam o governador Cláudio Castro de comandar “carnificina” e pedem responsabilização por mortes em ações policiais no Rio

Moradores da Penha e do Alemão protestam em frente ao Palácio Guanabara após operação com mais de 100 mortos Créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil

Moradores dos Complexos do Alemão e da Penha realizaram um protesto na tarde desta quarta-feira (29) em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro. O grupo acusou o governador Cláudio Castro (PL) de ser responsável pela operação policial que resultou em mais de 100 mortos, considerada a mais letal da história do estado.

Os manifestantes foram escoltados por agentes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) e do Batalhão de Ações com Cães (BAC) desde o Complexo da Penha até a sede do governo estadual, em Laranjeiras. Durante o ato, exibiram faixas e cartazes com frases como “Estado genocida”, “Todas as vidas importam”, “150 mortes por uma guerra política” e “Castro assassino”. Também ergueram bandeiras do Brasil manchadas de vermelho, simbolizando o sangue das vítimas.

Denúncias e críticas

Entre os participantes, a ativista negra Rute Sales, moradora da Penha, afirmou que as mortes representam uma política de extermínio da população pobre e negra.

“Não é possível que esse governador não seja responsabilizado por tantas vidas. Ou nós já temos pena de morte no país? O que aconteceu dentro da comunidade foi um genocídio. Toda véspera de eleição, tem uma estratégia de entrar nas nossas comunidades, matar o nosso povo e causar o terror”, declarou.

Ela também criticou o uso político das vítimas:, Os corpos estão sendo usados politicamente. E os corpos que tombam são os nossos, do povo preto e do povo pobre. Não aguentamos mais.”

Reunião com o governo federal

O protesto ocorreu momentos antes da reunião entre Cláudio Castro e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, que anunciaram a criação de um escritório emergencial de integração entre os governos federal e estadual para combater o crime organizado no Rio.

O grupo será coordenado pelo secretário nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, e pelo secretário de Segurança do Rio, Victor Santos. Segundo Lewandowski, o governo federal enviará reforço de 50 agentes da Polícia Rodoviária Federal e ampliará o número de profissionais de inteligência atuando no estado. Também serão disponibilizados peritos e vagas em presídios federais, caso o governo fluminense solicite.

Governo defende operação

Mesmo diante das denúncias de moradores sobre execuções e torturas, Cláudio Castro classificou a ação policial como um “sucesso”. O governador afirmou que o objetivo foi “dar um duro golpe na criminalidade” e que as únicas vítimas dos confrontos foram os quatro policiais mortos.

A operação, realizada nos complexos da Penha e do Alemão, foi alvo de críticas de entidades de direitos humanos e de organizações civis pela elevada letalidade e pelo impacto humanitário nas comunidades.

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