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La Niña confirmado: o que isso significa para o Brasil?

O Rio Grande do Sul é considerado o Estado mais vulnerável às consequências do fenômeno climático

Por Gazeta do Paraná

La Niña confirmado: o que isso significa para o Brasil? Créditos: Depositphotos.com/alebloshka

Após sete meses do fim do El Niño, a chegada do La Niña foi confirmada pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), o principal órgão de monitoramento climático. Este fenômeno deve durar pouco tempo e, embora tenha baixa intensidade, pode afetar o clima no Brasil. De acordo com a previsão da NOAA, as chances de o La Niña persistir entre fevereiro e abril de 2025 são de 59%, aumentando para 60% entre março e maio. Após esse período, espera-se um retorno ao estado de neutralidade.

Possíveis Efeitos no Brasil

O Rio Grande do Sul é o estado mais vulnerável às consequências do La Niña. Gilvan Sampaio, meteorologista do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), explica que a combinação do resfriamento das águas do Pacífico com o aquecimento do Oceano Atlântico pode resultar em uma intensificação da seca na região nos primeiros meses de 2025. “O fenômeno será de fraca intensidade, e o impacto principal será no Rio Grande do Sul, com chuvas abaixo da média nos primeiros meses”, afirma Sampaio.

Ana Maria Heuminski de Avila, agrometeorologista da Unicamp, também alerta que o La Niña poderá gerar períodos sem chuva e com radiação solar intensa no Sul do Brasil. "Uma semana sem chuvas, com altas temperaturas, pode afetar diretamente as culturas agrícolas", adverte.

No entanto, o La Niña não deve trazer grandes volumes de chuva para as regiões Norte e Nordeste do Brasil. Apesar disso, a Amazônia continuará enfrentando períodos secos, como ocorreu em 2024. Segundo Sampaio, a principal variável que afetará as chuvas nessas regiões é o aquecimento do Oceano Atlântico, que pode causar precipitações no Norte da Amazônia, mas não no Sul e Sudoeste, que sofrem com a seca desde agosto de 2024.

Diferença entre El Niño e La Niña

Os fenômenos El Niño e La Niña são causados pelas variações na temperatura das águas do Oceano Pacífico Equatorial. Durante o El Niño, as águas se aquecem mais de 0,5°C em relação à média histórica. Já no La Niña, ocorre o oposto: o resfriamento das águas, também superior a 0,5°C.

Esses fenômenos são considerados ativos quando as oscilações persistem por pelo menos cinco trimestres consecutivos. Embora as causas exatas desses ciclos ainda não sejam completamente compreendidas, seus efeitos no clima são bem conhecidos. Durante o La Niña, o Sul do Brasil tende a ficar mais seco, enquanto o Norte e o Nordeste recebem mais chuvas. Já no Sudeste e Centro-Oeste, as temperaturas são mais baixas. No caso do El Niño, o efeito é o contrário: o Norte e o Nordeste enfrentam períodos de estiagem, e o Sul tem mais chuvas e tempestades.

Créditos: Redação com Agências