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Juiz Eduardo Appio junta-se aos voluntários na reconstrução de Rio Bonito do Iguaçu

Tornado deixou seis mortos, 750 feridos, 22 internados e destruiu 90% da cidade. Um cenário de devastação o que mobiliza uma força tarefa dos governos estadual e federal, além de voluntários

Por Eliane Alexandrino

Juiz Eduardo Appio junta-se aos voluntários na reconstrução de Rio Bonito do Iguaçu Créditos: Divulgação

Eliane Alexandrino / Cascavel

Desde sexta-feira (7), os olhos do Brasil e do mundo se voltaram para o município de Rio Bonito do Iguaçu, a 161 km de Cascavel. A cidade, com quase 14 mil habitantes, teve 90% de seus prédios e residências destruídos pelo tornado que atingiu a região no fim da tarde. O cenário de devastação mobilizou uma força-tarefa dos governos estadual e federal, além de centenas de voluntários, que seguem auxiliando as famílias desabrigadas e desalojadas.

Entre os voluntários está o juiz federal Eduardo Fernando Appio, que chegou ao município no sábado à noite. Em entrevista à Gazeta do Paraná, ele relatou a motivação e o trabalho que vem realizando.

“Quando vi as imagens na TV, especialmente daquele casal que perdeu tudo, eu fiquei muito sensibilizado. Já conhecia bem a região desde 2003, quando fui juiz federal em Cascavel e atendi aqui. Fiz uma mediação em Quedas do Iguaçu, na Fazenda Rio das Cobras, onde havia um assentamento sem nenhuma condição. Voltei mais de 20 anos depois para receber o título de cidadão honorário por essa mediação. Depois de ver a destruição, enchi o carro no mercado e vim ajudar”, contou.

Segundo o magistrado, a situação de emergência expôs falhas estruturais capazes de dificultar os trabalhos.“Quando cheguei, vi hotéis lotados com equipes de imprensa e trabalhadores da Copel e Sanepar. A cidade estava sem luz e sem internet. Hoje, parte do serviço já foi restabelecido. Mas o que me chamou atenção foi a falta de coordenação: uma retroescavadeira caiu num buraco onde funcionava uma escola, e outras duas tiveram de parar para resgatá-la. O terreno está frágil. Falta um plano de contingência e equipe técnica para organizar a reconstrução.”

Appio afirma que está ajudando como voluntário, de forma anônima, colocando o próprio carro à disposição para levar moradores a Cascavel para atendimento médico. Também destacou a necessidade urgente de fraldas geriátricas e infantis, água, roupas e alimentos, pois muitas famílias perderam tudo. “Devo ficar aqui o tempo que for necessário. Meu compromisso é ajudar”, disse.

Prefeitura inicia reconstrução

O prefeito de Rio Bonito do Iguaçu, Sezar Bovino (PSD), informou que a primeira etapa do trabalho foi ao resgate, ao atendimento médico e à identificação das vítimas. Agora, o município iniciou a organização das equipes de reconstrução, com apoio de entidades e órgãos públicos.

“Já acertamos com a Copel a reinstalação da rede elétrica e a recolocação dos postes destruídos. A Sanepar trabalha para restabelecer a distribuição de água. Só com a reconstrução de prédios públicos escolas, ginásio, unidades de atendimento o custo passa de R$ 50 milhões”, afirmou.

De acordo com o prefeito, o ginásio municipal servirá temporariamente como depósito de entulhos até que o destino final seja definido dentro da legislação ambiental.

“Eu só via isso na televisão, em cenários de guerra. Nunca imaginei viver algo assim”, declarou.

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COP30 tem gastos acima de R$ 7 bilhões, e recebeu recursos da Itaipu

A COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) começou neste domingo (10) em Belém (PA) e segue até 21 de novembro. Os investimentos destinados ao evento já ultrapassam R$ 7 bilhões, quase o dobro do valor inicialmente registrado, que era de R$ 4 bilhões. Os recursos vêm do governo federal, governo estadual, BNDES e Itaipu Binacional.

Somente a Itaipu aportou R$ 1,3 bilhão em estruturas e logística solicitadas pelo governo federal. A Gazeta do Paraná entrou em contato, desde sábado, com o diretor-geral da Binacional, Enio Verri, para saber de que forma Itaipu pode auxiliar financeiramente o Rio Bonito do Iguaçu, neste momento de calamidade, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. Mas a Itaipu afirma que mobilizou equipes e colocou toda sua estrutura à disposição das autoridades do Paraná para auxiliar as cidades atingidas pelo tornado que devastou o Rio Bonito do Iguaçu. O município registrou mortes, feridos graves e grande destruição.

O diretor de Coordenação, Carlos Carboni, foi para a cidade para coordenar pessoalmente as ações. Efetivos e equipamentos do Corpo de Bombeiros da Segurança Empresarial, além de equipes de Responsabilidade Social, também foram enviados para avaliar necessidades e apoiar a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros Militar no resgate e atendimento às vítimas.

O diretor-geral brasileiro, Enio Verri, determinou que a empresa ofereça todo suporte necessário, com ações organizadas para evitar duplicidade de esforços. A Itaipu reafirmou seu compromisso social, especialmente diante do aumento de eventos climáticos extremos que têm atingido municípios da região.

Quem é Eduardo Appio?

Gaúcho de Erechim, Eduardo Appio vive no Paraná desde 1995. Foi promotor de Justiça por três anos, juiz no Rio Grande do Sul e, em 1999, assumiu como juiz federal. Doutor em Direito Constitucional e pós-doutor pela UFPR, é autor do livro “Tudo por dinheiro – A ganância da Lava Jato Segundo Eduardo Appio”, lançado em 2024.

Em 2023, tornou-se titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da Lava Jato. Em quatro meses no cargo, revogou decisões do ex-juiz Sérgio Moro e denunciou ao CNJ o suposto desvio de R$ 5 bilhões da operação para instituições nos Estados Unidos. Após investigar o desembargador Marcelo Malucelli, foi afastado pelo TRF-4. O processo disciplinar, contudo, foi arquivado pelo ministro Luis Felipe Salomão, corregedor do CNJ.

Appio diz ser “paranaense por adoção”, é torcedor do Internacional e pratica corrida como hobby. Ele afirma que a Lava Jato “foi uma guerra contra o Brasil”.

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Foto: Divulgação

 

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