Juiz Federal, Eduardo Appio receberá Título de Cidadão Honorário
A homenagem será feita por vereadores de Quedas do Iguaçu na próxima quinta-feira (14)

Eliane Alexandrino/Cascavel
O renomado Juiz Federal Eduardo Fernando Appio será homenageado na quinta-feira (14) em Quedas do Iguaçu. O presidente da Câmara de Vereadores do município e demais parlamentares irão entregar o Título de Cidadão Honorário ao magistrado.
Atualmente, Appio está como juiz da 18ª Vara Previdenciária da Justiça Federal do Paraná, em Curitiba. Conhecido nacionalmente por sua atuação nos processos da Operação Lava Jato, Appio também se destaca como escritor.
Em entrevista para a Gazeta do Paraná, Appio diz se sentir lisonjeado com a homenagem. “Fico muito feliz com a solenidade, nunca fui homenageado. Concedi a Quedas do Iguaçu a liminar do Assentamento Celso Furtado, foi deferida em um processo contencioso entre o Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] e os proprietários da Fazenda Rio das Cobras [a Araupel]”, destaca.
Na época o magistrado conduzia a Vara Federal de Cascavel. Em novembro de 2004 concedeu a liminar que autorizava o Incra a criação do assentamento para 1,5 mil famílias.
A GP conversou também com o presidente da Câmara de Vereadores de Quedas do Iguaçu, Rodolfo Revers (PSB), sobre a importância da contribuição do magistrado ao Município.
“O juiz teve uma participação decisiva na criação do Assentamento Celso Furtado há 10 anos, isso acaba sendo um marco para Quedas do Iguaçu. Esta área era invadida e passou a ser convertida em assentamento, formando o maior conjunto rural da América Latina”, lembra Revers.
O vereador Claudelei Torrento Lima (PT) apontou a relevância do assentamento para a vida das mais de 1,5 mil famílias.
“O juiz transformou a vida das famílias que eram acampadas, hoje são famílias assentadas, então é uma transformação importante para o nosso município. É um território muito grande, é outra realidade, agora sim é reforma agrária. Em gesto de gratidão em nome dessas famílias, agradecer o juiz. Na época antes de tomar a decisão ele veio até aqui ver a realidade dessas famílias. Para nós foi uma conquista muito grande ver a transformação na vida dessas pessoas”, pontua o parlamentar.
Lava Jato
Appio tornou-se titular da 13ª Vara Federal de Curitiba em 2023, e responsável pelos processos da Operação Lava Jato. Foram quatro meses à frente do cargo, mas o período foi decisivo para mudar os rumos da operação. Durante sua atuação na vara federal, Appio revogou algumas decisões do ex-juiz Sérgio Moro em processo da Lava Jato.
“Denunciei o desvio de R$ 5 bilhões da Vara da Lava Jato em favor dos Estados Unidos para o CNJ. Tudo foi investigado e confirmado. Fui afastado da Vara da Lava Jato porque estava investigando um desembargador federal corrupto [Marcelo Malucelli], pai do sócio de Sérgio Moro”, lembra Appio.
O magistrado foi afastado da operação pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal) em 2023. “A Lava Jato foi uma guerra contra o Brasil”, afirma Appio.
O corregedor nacional de justiça, ministro Luis Felipe Salomão, arquivou o processo disciplinar instaurado no CNJ contra Appio meses depois.
8 de janeiro de 2023
A GP questionou o magistrado sobre os ataques/vandalismo ocorridos em 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
“O 8 de janeiro é resultado direto das ações políticas da dita República de Curitiba através de Moro e Dallagnol. A extrema direita elegeu Bolsonaro graças a eles”, destaca.
Juiz e escritor
Appio chegou ao Paraná em 1995, foi Promotor de Justiça por 3 anos no estado. Também foi Juiz de Direito no Rio Grande do Sul por um ano e meio. Em dezembro de 1999 assumiu como Juiz Federal. É doutor em Direito Constitucional, e pós-doutorado pela UFPR (Universidade Federal do Paraná).
Gaúcho de Erechim – Rio Grande do Sul, Appio também foi professor acadêmico por um período breve, e segundo ele a atividade o levou a escrita. Lançou em 2024 o livro: Tudo por dinheiro – A ganância da Lava Jato Segundo Eduardo Appio. “Sim foi a atividade acadêmica que me levou a escrever e desde então tenho gosto pela escrita”, contempla.
Filho do político Francisco Appio, tem hábito de correr no tempo livre e torce para o internacional. É um gaúcho que não toma chimarrão, mas aprecia um bom vinho.
“Desde que cheguei no Paraná em 1995, me considero paranaense por adoção. Minha filha nasceu em Londrina, e desde então até hoje, sigo no Paraná”, conclui.
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