Governo não vai taxar exportações nem controlar preços agrícolas, diz ministro
Medida, segundo o ministro Paulo Teixeira são para reduzir custos operacionais nos supermercados, o que pode ter impacto no preço final dos alimentos.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, declarou que não há possibilidade de o governo adotar medidas para taxar ou desestimular as exportações agrícolas do Brasil, nem para impor tabelamento de preços aos produtos agropecuários. Ele destacou que a estratégia para conter a inflação dos alimentos será focada no estímulo à produção, por meio de crédito e assistência técnica.
A declaração ocorreu após o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, ter afirmado, na última quarta-feira (22), durante o programa “Bom dia, ministro”, da EBC, que o governo está planejando um “conjunto de intervenções” para reduzir os preços dos alimentos. Posteriormente, a expressão foi substituída por “um conjunto de ações que sinalizem para o barateamento dos alimentos” em nota oficial divulgada à imprensa.
A palavra “intervenção” gera preocupação no setor do agronegócio, que teme possíveis ações mais rigorosas do governo no mercado privado. “Está totalmente descartada qualquer intervenção nesse sentido, seja taxação ou restrição de exportações. Isso nunca foi considerado”, afirmou Paulo Teixeira. Ele ainda acrescentou: “O governo não tem a menor intenção de adotar essas medidas, e o presidente Lula já deixou claro que não pretende realizar intervenções dessa natureza na economia.”
O governo está avaliando medidas para diminuir os custos operacionais dos supermercados, o que pode impactar diretamente no preço final dos alimentos. No entanto, o Ministério da Agricultura ainda não se pronunciou oficialmente sobre o tema. Nos bastidores, o ministro Carlos Fávaro tem buscado se distanciar de qualquer possível crise relacionada aos preços dos alimentos. Durante a reunião ministerial realizada na segunda-feira (20), Fávaro foi pressionado por ações imediatas para ajudar na redução dos índices. Ele teria afirmado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o problema é de natureza econômica, envolvendo mercado e inflação, e não de produção, segundo uma fonte próxima ao ministro.
No âmbito agrícola, Carlos Fávaro teria destacado que os preços dos produtos são influenciados pelos efeitos do clima adverso e pela valorização do dólar. Ele também mencionou que a safra deste ano será recorde, o que pode contribuir para conter o aumento de preços de alguns itens. No entanto, reforçou que não há como exercer controle direto sobre essas cotações.
Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário, afirmou que os preços da carne e do café são os principais temas nas discussões do governo. “O caso do café é uma questão global, com perdas causadas por questões climáticas e a influência do dólar. Já em relação à carne, há dois fatores: primeiro, é necessário conter a alta do dólar; segundo, superar o ciclo pecuário, o que deve resultar em um aumento no abate de animais, uma mudança no ciclo produtivo e, consequentemente, maior oferta de carne”, explicou.
Na quarta-feira (22), o ministro Paulo Teixeira, juntamente com dirigentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), participará de uma reunião com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, para discutir o tema. O encontro servirá como preparação para uma reunião futura entre os ministros das áreas envolvidas, conforme relatou uma fonte.
“Precisamos ampliar a produção agrícola direcionada ao mercado interno, incluindo carne, frutas, legumes e verduras. Com o aumento da oferta, poderemos atuar de forma mais significativa no combate à inflação”, destacou o ministro Paulo Teixeira.
“É necessário um esforço para ampliar o crédito agrícola e a assistência técnica. Muitos desses produtos são cultivados em pequenas áreas de forma intensiva. Queremos que os agricultores tenham acesso a novas tecnologias e possam aumentar a oferta de produtos. Como estamos próximos do debate orçamentário, esse tema está em destaque”, afirmou o ministro Paulo Teixeira, sem mencionar os valores previstos para a política de assistência técnica e extensão rural.