Entenda o translado internacional de corpos, como no caso de Juliana
Processo envolve tanatopraxia, autorizações sanitárias e burocracia consular; governo brasileiro não cobre os custos
Por Gazeta do Paraná

A brasileira de Niterói (RJ) Juliana Marins, de 26 anos, foi encontrada morta nesta terça-feira (24/6), após passar quatro dias à espera de resgate no Monte Rinjani, na Indonésia. O corpo da jovem foi retirado do local após uma operação de mais de sete horas. Agora, surgem questionamentos sobre como funciona o translado internacional do corpo.
O processo envolve uma série de exigências legais, sanitárias e logísticas, além de altos custos. Segundo o Itamaraty, o governo brasileiro não custeará o traslado, já que esse tipo de despesa não está previsto em lei ou no orçamento da União.
“A assistência consular não inclui o pagamento de despesas com sepultamento e translado de corpos de brasileiros falecidos no exterior”, informou o Ministério das Relações Exteriores. A responsabilidade financeira, portanto, recai sobre a família.
A médica Caroline Daitx, especialista em medicina legal e perícia médica, explica que o momento mais delicado do processo é a tanatopraxia, técnica de conservação do corpo exigida na maioria dos países para transporte internacional. “Mais do que um procedimento estético, trata-se de uma exigência sanitária, capaz de garantir segurança no transporte aéreo e respeitar as legislações de entrada e saída de cadáveres”, afirma.
Além da preparação do corpo, é necessário apresentar uma série de documentos: certidão de óbito válida no país de origem, declaração de embalsamamento, laudo sanitário autorizando o transporte, documentação consular como o laissez-passer ou autorização para repatriação, e ainda os documentos alfandegários exigidos nos aeroportos.
A médica destaca ainda que o Brasil é signatário da Convenção de Genebra, o que pode facilitar parte dos trâmites consulares. No entanto, mesmo com esse apoio internacional, o processo pode levar dias ou até semanas, especialmente em países com regras rígidas.
“Contar com profissionais e empresas especializadas é essencial. Em tempos de globalização, o translado internacional de corpos é cada vez mais comum e exige sensibilidade, organização e respeito ao luto das famílias”, finaliza Caroline.
Com informações do Portal Metrópoles
