O Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) emitiu um alerta sobre o alto número de acidentes envolvendo choques elétricos no estado. De janeiro até outubro deste ano, foram 62 atendimentos relacionados a esse tipo de ocorrência, resultando em nove mortes. A maioria das vítimas é composta por trabalhadores de empresas de manutenção elétrica, telefonia e internet, que atuam em áreas externas e acabam atingidos por descargas elétricas de alta intensidade, sofrendo queimaduras graves e quedas de altura.

De acordo com a capitã Luisiana Cavalca, do CBMPR, os casos ocorrem principalmente entre homens de 20 a 30 anos, faixa etária predominante entre os profissionais do setor. “Os choques acontecem durante as manutenções, muitas vezes em redes compartilhadas por serviços de energia e telecomunicações. As descargas geram forte impacto e podem lançar o corpo da vítima a grandes alturas”, explica.

Além dos acidentes de trabalho, os bombeiros alertam para riscos decorrentes de colisões de veículos que derrubam fios de energia, tornando as áreas ao redor potencialmente letais. Nesses casos, as equipes do CBMPR realizam o isolamento da região e acionam a companhia elétrica para o desligamento da rede antes de iniciar o atendimento.

A capitã observa que, embora acidentes domésticos com crianças tenham diminuído graças à padronização das tomadas e dispositivos modernos de segurança, ainda ocorrem incidentes graves. “Já atendemos casos de crianças que sofreram choques ao colocar cabos de celulares na boca. A orientação é simples: retire o carregador da tomada quando não estiver em uso e mantenha a atenção redobrada com os pequenos”, reforça.

Entre os adultos, as ocorrências mais comuns são durante trocas de resistência de chuveiros ou manutenções elétricas feitas sem o desligamento da chave geral. “Sempre desligue o circuito antes de qualquer intervenção. É uma medida básica que pode salvar vidas”, adverte Luisiana.

Durante o combate a incêndios em edificações, um dos primeiros procedimentos adotados pelo Corpo de Bombeiros é o desligamento da energia elétrica. Segundo a capitã, a medida é essencial para garantir a segurança da equipe e evitar que a eletricidade seja a causa primária do incêndio.

O CBMPR também orienta a população sobre a importância da manutenção correta da rede elétrica residencial, com dimensionamento adequado de voltagem e amperagem, e alerta para o uso indevido de benjamins e réguas de energia, que podem causar sobrecargas, curtos-circuitos e incêndios.

Profissionais da construção civil também estão entre os mais vulneráveis. Pintores, pedreiros e outros trabalhadores que utilizam andaimes e ferramentas metálicas podem sofrer descargas ao encostar acidentalmente em cabos energizados. “Os equipamentos de proteção individual são indispensáveis. Um toque em fio elétrico pode eletrocutar uma equipe inteira”, reforça a capitã.

O telefone de emergência do Corpo de Bombeiros é o 193. Em casos de acidente, a recomendação é não se aproximar da vítima nem de fios caídos e acionar imediatamente as autoridades competentes.

O 1º tenente Sérgio Henrique Hain, do CBMPR de Curitiba, destacou uma ocorrência recente na capital, em que um homem de 30 anos sofreu choque elétrico e queda de três metros ao realizar manutenção próximo a um transformador. “A vítima apresentava marcas de entrada e saída da descarga elétrica e foi resgatada em estado grave. O caso demonstra como a energia é invisível, silenciosa e extremamente perigosa”, alertou o oficial.