Condenada a dez anos de prisão, Carla Zambelli deixa o Brasil e anuncia que não retornará

Ela afirmou estar fora do país "há alguns dias" e que ficará na Europa, por ter cidadania de um país do continente

Por Gazeta do Paraná

Condenada a dez anos de prisão, Carla Zambelli deixa o Brasil e anuncia que não retornará Créditos: Lula Marques/Agência Brasil

 

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão, afirmou nesta terça-feira (3) que deixou o Brasil há alguns dias e não pretende retornar. Em entrevista à Rádio Auriverde, Zambelli declarou que está na Europa, onde possui cidadania, e que atuará politicamente no exterior, fazendo o que chama de “denúncias” contra ministros do STF.

A parlamentar, que não revelou o país onde se encontra, disse que inicialmente viajou para realizar tratamento médico, mas que agora pretende se afastar formalmente do mandato. Seu gabinete será assumido pelo suplente. "Tem essa possibilidade na Constituição. É o que o Eduardo [Bolsonaro] fez também", disse ela, em referência ao colega de partido que passou a atuar politicamente nos Estados Unidos.

Zambelli expressou desejo de seguir os passos de Eduardo Bolsonaro, que tem buscado apoio de figuras ligadas à direita americana e defendido sanções contra integrantes do STF. A deputada planeja se aproximar de lideranças da ultradireita na Itália, França e Portugal, como a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni e o português André Ventura, do partido Chega.

A condenação de Zambelli foi proferida no último dia 9 de maio, por unanimidade na Primeira Turma do STF. Os ministros entenderam que a deputada participou da invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com o auxílio do hacker Walter Delgatti, com o objetivo de gerar confusão institucional e emitir alvarás de soltura falsos.

Além da condenação, Zambelli enfrenta outras ações judiciais. Em janeiro, o TRE-SP cassou seu mandato por desinformação eleitoral. Em março, o STF formou maioria para condená-la a cinco anos de prisão em regime semiaberto pelo episódio em que perseguiu um homem armada, na véspera do segundo turno das eleições de 2022.

Na entrevista, Zambelli voltou a criticar o sistema de urnas eletrônicas e afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro não perdeu a eleição. Ela também declarou que está sendo vítima de perseguição política e que sua condenação é desproporcional. “Eu não roubei, não estuprei, não matei. Eu falei”, afirmou.

A deputada revelou que decidiu não retornar ao Brasil após conversa com o blogueiro Allan dos Santos, que está foragido e tem pedido de extradição nos Estados Unidos. Segundo ela, foi ele quem a questionou sobre o que esperar da democracia brasileira nos próximos meses.

“Não estou desistindo da minha luta, pelo contrário. É resistir. Poder continuar falando o que eu quero falar”, declarou. Em tom simbólico, Zambelli disse ainda que se vê como uma fênix: "Vou renascer das cinzas".

A situação de Zambelli deve gerar novos desdobramentos políticos e jurídicos, especialmente quanto ao seu futuro parlamentar e a possibilidade de extradição, caso se recuse a cumprir a decisão judicial brasileira.

Com informações da Folha de S. Paulo