Concreto nas rodovias: durável para o asfalto, desgastante para os pneus
Pistas de concreto oferecem maior vida útil ao pavimento, mas podem reduzir em até 50% a durabilidade dos pneus, alerta especialista
Por Gazeta do Paraná

A resistência do pavimento de concreto é amplamente reconhecida como uma vantagem nas rodovias brasileiras, mas essa durabilidade pode representar um custo oculto para os motoristas: o desgaste acelerado dos pneus. De acordo com o engenheiro mecânico Marcelo da Correggio, esse tipo de pavimento pode reduzir a vida útil dos pneus em até 50%, especialmente em trechos com superfícies texturizadas ou de alto atrito.
“Embora o concreto tenha melhor dissipação de calor, o que ajuda a controlar a temperatura dos pneus, ele provoca vibrações constantes e ruídos que aceleram o surgimento de microfissuras na borracha”, explica da Correggio. Segundo o especialista, isso torna os pneus mais suscetíveis a falhas, principalmente em regiões onde há empossamento ou formação de gelo, exigindo superfícies de maior aderência.
Mesmo em rodovias de concreto sem essas condições extremas, o desgaste adicional pode superar 20% em comparação com o asfalto. Um dos fatores que contribuem para isso é o índice de resistência ao rolamento: nas estradas de concreto, ele gira em torno de 0,012, enquanto em asfalto novo é de 0,009. Essa diferença, aparentemente pequena, tem impacto direto no desempenho e na eficiência dos pneus.
Apesar do maior desgaste, o pavimento de concreto ainda é considerado vantajoso em termos de durabilidade e economia a longo prazo. Estudos realizados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e pelo Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo (DER-SP) indicam que, ao longo de um ciclo de vida de 30 anos, o concreto pode ter um custo total até 30% menor em comparação ao asfalto, devido à menor necessidade de manutenção.
A escolha do tipo de pavimento, portanto, deve considerar não apenas o custo inicial da obra, mas também os impactos diretos para motoristas, transportadoras e operadores logísticos, especialmente em rotas de alto tráfego.
Com informações do Portal RBJ
