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Cohapar esconde quanto vai pagar pelo café que vai tomar

O segredo sobre o preço do tradicional cafezinho gerou questionamentos: estamos diante de um efeito colateral da inflação dos alimentos ou de uma prática que encobre a falta de transparência?

Por Gazeta do Paraná

Cohapar esconde quanto vai pagar pelo café que vai tomar Créditos: Marcelo Camargo/EBC

O preço do café está nas alturas, mas alguns valores continuam escondidos no fundo da xícara. A Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) publicou recentemente editais de licitação para a compra de café e açúcar, e um detalhe chama a atenção: o valor máximo estimado para as aquisições é considerado "sigiloso". O segredo sobre o preço do tradicional cafezinho gerou questionamentos: estamos diante de um efeito colateral da inflação dos alimentos ou de uma prática que encobre a falta de transparência?

Os editais nº 06/2025 e 07/2025, ambos da Cohapar, preveem a aquisição de café em pó e açúcar refinado para abastecer a estrutura da companhia, mas os valores que a empresa pretende pagar são classificados como confidenciais. O argumento utilizado para manter o sigilo é a Lei 13.303/2016, que permite a prática em casos de aquisições por empresas estatais. 

O edital nº 06/2025 detalha que a compra do café será feita via Registro de Preços, com um contrato inicial de um ano, prorrogável, e que a licitação seguirá o critério de menor preço, de modo a contemplar um total de 2.250kg de café, que será fornecido dentro de um prazo de 12 meses. Serão exigidos laudos de qualidade do produto, incluindo avaliação sensorial e microscópica. O café adquirido deverá ter um nível mínimo de qualidade de 6,0 pontos na escala sensorial de 0 a 10 pontos e não poderá conter mais do que 1% de impurezas, conforme determinado pela análise microscópica. Alternativamente, fornecedores poderão apresentar certificados da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) que atestem a pureza e qualidade do produto.

Já o edital nº 07/2025, referente ao açúcar refinado, segue a mesma metodologia, garantindo fornecimento ao longo do período contratual. O açúcar (um total de 1.800kg) deve ser refinado e embalado em pacotes de 5 kg, garantindo um padrão de qualidade adequado para o consumo institucional.

A sessão de disputa de lances para o café está marcada para o dia 10 de março de 2025, e a do açúcar, para o dia 12 de março de 2025, ambas realizadas eletronicamente no sistema do Banco do Brasil. Empresas de pequeno porte e microempreendedores individuais têm prioridade na concorrência, mas sem acesso a informações claras sobre os valores de referência.

Diante da realidade de um mercado inflacionado, surge a dúvida: esse mistério é para evitar que os concorrentes manipulem os lances ou para proteger o preço de um café que já vem amargo? O fato é que, em um período de dificuldades econômicas, cada centavo gasto pelo poder público deveria estar à vista dos contribuintes, e não encoberto pelo vapor da xícara.

Créditos: Redação