O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou nesta sexta-feira a Ponte Internacional da Integração Brasil–Paraguai, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, obra considerada estratégica para a mobilidade e o comércio entre os dois países. Durante a cerimônia, Lula destacou o simbolismo da estrutura e afirmou que, enquanto algumas nações erguem muros, Brasil e Paraguai optaram por construir pontes. “Tem gente querendo fazer guerra para não permitir que o outro passe pro seu lado. Nós aqui, sul-americanos, paraguaios e brasileiros, queremos dizer ao mundo que nós somos da paz”, declarou.

A ponte liga Foz do Iguaçu à cidade paraguaia de Presidente Franco e possui 760 metros de extensão, com vão-livre de 470 metros, o maior do continente. A estrutura conta com duas pistas simples, com 3,6 metros de largura cada, e é do tipo estaiada, sustentada por duas torres de 190 metros de altura, equivalentes a edifícios de cerca de 54 andares. A inauguração marca a entrega da segunda ligação viária sobre o Rio Paraná entre Brasil e Paraguai, mais de 60 anos após a abertura da Ponte da Amizade.

Lula informou que o presidente do Paraguai, Santiago Peña, deverá inaugurar a parte da obra no país vizinho no sábado (20). Segundo o presidente brasileiro, a liberação do tráfego ocorrerá de forma gradual, em razão da necessidade de adequações na infraestrutura do lado paraguaio. Ele garantiu que equipes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Receita Federal atuarão na fiscalização da nova travessia.

De acordo com Lula, a expectativa é de que a ponte impulsione significativamente o comércio bilateral. “Vão transitar bilhões de dólares de interesse da economia brasileira e de interesse da economia paraguaia”, afirmou. Atualmente, a Ponte da Amizade, única conexão viária entre os dois países na região até então, recebe diariamente cerca de 100 mil pessoas e 45 mil veículos, conforme dados da Receita Federal.

A obra integra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e recebeu investimento total de R$ 1,9 bilhão, com recursos dos dois países. Do lado brasileiro, o financiamento foi feito principalmente com recursos da Itaipu Binacional, que aportou R$ 712 milhões. Desse total, R$ 372 milhões foram destinados à construção da ponte estaiada e R$ 340 milhões às obras da Perimetral Leste, que foram entregues na semana passada pelo governador Ratinho Jr.

O modelo de execução foi tripartite, com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) como órgão proprietário da obra, o governo do Paraná como executor e a Itaipu Binacional responsável pelo repasse dos recursos. A ponte foi definida como prioridade estratégica em 2012, quando passou a integrar o PAC. Os editais de licitação foram lançados em 2012 e 2014, e o processo incluiu o licenciamento ambiental e os projetos de engenharia, culminando na emissão da licença ambiental pelo Ibama em fevereiro de 2017. Após a definição institucional que colocou a Itaipu como agente financiador, em 2018, as obras começaram em 2019 e foram concluídas fisicamente em outubro de 2023.

Além da ponte, o projeto inclui uma nova rodovia com 14,7 quilômetros de extensão, que conecta a BR-277 à estrutura internacional. A via reorganiza o fluxo de veículos pesados na região, retirando o tráfego de caminhões do centro urbano de Foz do Iguaçu, o que contribui para a mobilidade urbana e a segurança viária.

Segundo o governo federal, a operação da ponte ocorrerá em etapas para garantir a segurança e a adaptação dos órgãos de fiscalização. Na fase inicial, a travessia será permitida apenas para caminhões sem carga, conhecidos como “em lastro”, nos dois sentidos, seguindo horários específicos definidos pela Receita Federal e pela Polícia Rodoviária Federal. Os ônibus de turismo fretados deverão ser autorizados a trafegar em breve. A liberação total para veículos de carga está prevista para ocorrer entre o fim de 2026 e o início de 2027, condicionada à conclusão do Corredor Metropolitano del Este, no lado paraguaio, que assegurará a plena infraestrutura de acesso à nova ponte.