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Cerealista Fruet foi vendida por R$ 40 milhões à Copacol, empresário está foragido

Negociação ocorreu entre junho e julho, mesmo período em que produtores rurais tentavam receber pelos grãos entregues à empresa. Empresário é acusado de aplicar golpes que somam mais de R$ 20 milhões.

Por Eliane Alexandrino

Cerealista Fruet foi vendida por R$ 40 milhões à Copacol, empresário está foragido Créditos: Divulgação

Eliane Alexandrino/Cascavel

Gazeta do Paraná apurou que o empresário Celso Fruet, 72 anos, do ramo de cereais e denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) por aplicar golpes contra pelo menos 120 produtores rurais de Campo Bonito, vendeu toda a estrutura da Cerealista Fruet neste ano.

As negociações ocorreram entre junho e julho de 2025, período em que produtores tentavam receber os pagamentos pela venda de grãos entregues à empresa. O valor da transação foi de R$ 40 milhões.

O advogado de defesa de Fruet, Higor Fagundes, afirmou que o empresário utilizou os recursos da venda para quitar dívidas com credores e agricultores. Segundo ele, 10% do valor foi destinado ao pagamento de comissão, R$ 20 milhões a débitos com o Banco do Brasil, e R$ 16 milhões a outros financiamentos bancários. A defesa sustenta que a cerealista estava avaliada em cerca de R$ 100 milhões, sendo vendida abaixo do valor de mercado.

A Gazeta do Paraná questionou a Copacol sobre a compra, se o negócio incluiu estoques e se havia conhecimento prévio sobre os débitos da Cerealista Fruet junto aos produtores rurais.

Em nota, a cooperativa informou:

“A Copacol esclarece que a compra limitou-se ao imóvel e aos equipamentos da estrutura operacional da referida cerealista, localizada na PR-474, em Campo Bonito. A aquisição respeitou rigorosamente todos os princípios previstos na legislação brasileira.”

A Copacol também afirmou não ter vínculo com as atividades comerciais da antiga gestão.

Prejuízo estimado em R$ 20,3 milhões

De acordo com a denúncia do MPPR, mesmo após vender a empresa a uma cooperativa da região, o empresário continuou negociando grãos com agricultores, adquirindo e recebendo mercadorias sem realizar os pagamentos correspondentes. O prejuízo estimado é de R$ 20,3 milhões. Fruet possui mandado de prisão em aberto e é considerado foragido pela polícia.

“O Ministério Público ofereceu denúncia pela prática de 124 crimes de estelionato, sendo 38 deles contra idosos. As investigações apontaram que o denunciado utilizava sua empresa para aplicar golpes em agricultores, recebendo e vendendo grãos sem autorização das vítimas e sem efetuar o pagamento.
As vítimas descobriram o golpe no dia 21 de julho, quando foram até a cerealista e constataram que o local havia sido vendido a outra empresa e que os grãos já não estavam mais lá”, explicou a promotora de Justiça Ana Carolina Lacerda Schneider.

Segundo a promotoria, foram identificadas mais de 120 vítimas, e os danos ultrapassam R$ 20 milhões. Para garantir a futura reparação dos prejuízos, o MP requereu medidas cautelares sob segredo de justiça.

O empresário mantinha a cerealista há cerca de 30 anos na região, atuando no armazenamento de soja e trigo em silos próprios. Os produtores rurais entregavam os grãos para guarda e, quando autorizavam a venda, recebiam o repasse financeiro. No entanto, em 6 de junho de 2025, Fruet assinou o contrato de venda da empresa a uma cooperativa, sem comunicar a transação aos agricultores.

No dia 21 de julho, os produtores foram ao local e encontraram o armazém fechado, sem funcionários, equipamentos ou produtos armazenados. A promotoria destacou que Fruet se aproveitou da relação de confiança construída ao longo dos anos para aplicar os golpes.

As investigações também apontam que o acusado oferecia valores acima da média de mercado, cerca de R$ 104 a R$ 105 por saca de soja —, o que atraía novos agricultores a negociar com ele.

O MPPR apurou ainda que o empresário já teria praticado golpes semelhantes em anos anteriores nos municípios de Capanema, Catanduvas e Virmond, na região de Guarapuava, embora parte desses crimes já esteja prescrita.

Fruet responde por 124 ocorrências de estelionato (artigo 171 do Código Penal), sendo 38 contra idosos. Além da condenação prevista em lei, o Ministério Público requer o pagamento de indenização mínima para reparação dos danos às vítimas.

 O que diz a defesa de Celso Fruet

A defesa do empresário Celso Fruet, afirma que não houve prática criminosa nos fatos descritos na denúncia. Segundo o advogado Higor Fagundes, a situação decorre de uma grave crise financeira iniciada em 2020, agravada pela pandemia e por problemas de saúde enfrentados pelo empresário, incluindo uma cirurgia oncológica.

A defesa alega que todo o patrimônio permanece em nome de Fruet e que os recursos da venda da empresa foram integralmente utilizados para o pagamento de dívidas, sem qualquer enriquecimento pessoal. Antes do inquérito, o empresário já vinha realizando acordos e pagamentos documentados aos credores. “Não houve dolo, fraude ou vantagem ilícita, apenas uma crise empresarial e de saúde que afetou a gestão da empresa”, afirmou o advogado.

Segundo a defesa, o decreto prisional interrompeu o processo de recomposição financeira, mas Fruet mantém a intenção de cumprir todas as obrigações assim que possível. O empresário também teria se colocado à disposição da polícia para esclarecimentos antes da decretação da prisão.

Foto: Divulgação 

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