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Bombeiros do Paraná iniciam treinamento da Força-Tarefa de Resposta a Desastres

Treinamento reúne 120 bombeiros de várias regiões do Estado e marca o início do processo de certificação internacional do Paraná junto à ONU

Bombeiros do Paraná iniciam treinamento da Força-Tarefa de Resposta a Desastres Créditos: CBMPR

O Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) deu início nesta semana ao treinamento anual da Força-Tarefa de Resposta a Desastres (FTRD), uma das operações mais completas e estratégicas da corporação. O programa, que prepara os militares para atuar em situações de grande complexidade, abrange quatro tipos principais de ocorrências: enchentes e alagamentos, deslizamentos, estruturas colapsadas e incêndios florestais.

A atividade, coordenada pelo Grupo de Operações de Socorro Tático (GOST), unidade de elite dos bombeiros paranaenses, tem duração de três semanas e reúne 120 militares de diferentes regiões do Estado, selecionados pela experiência técnica e voluntariedade.

O treinamento faz parte do processo de certificação internacional do Paraná junto à Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do International Search and Rescue Advisory Group (INSARAG). Essa certificação, conduzida em parceria com os estados de São Paulo e Minas Gerais, reconhece oficialmente equipes de busca e salvamento aptas a atuar em missões humanitárias internacionais. O processo começou neste ano e deve se estender até 2027, quando a corporação passará por uma grande simulação de avaliação.

“O principal pilar da Força-Tarefa é a vontade de servir”, explica o major Ícaro Gabriel Greinert, comandante do GOST. “São profissionais que se apresentam voluntariamente e se submetem a uma formação intensa, com foco na autossuficiência e na atuação em ambientes complexos”, destacou.

Durante o curso, os bombeiros participam de módulos teóricos e práticos com temas que vão desde condução de embarcações e operação de veículos 4x4, até georreferenciamento, corte de árvores e técnicas de salvamento em diferentes tipos de terreno. As atividades ocorrem em ambientes controlados e pontos estratégicos do Estado, incluindo exercícios na represa de Itaipu, para simular enchentes e inundações de grande proporção.

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Referência nacional em resposta rápida

O Paraná tem se destacado em operações de grande magnitude em várias regiões do País. A Força-Tarefa do CBMPR participou das enchentes de Santa Catarina (2008), do rompimento de barragem no Piauí (2009), da tragédia de Brumadinho (2019) e das enchentes no Rio Grande do Sul (2023 e 2024), além de operações em incêndios florestais na Amazônia (2021) e no Mato Grosso do Sul (2022 e 2024).

Formada por bombeiros de cinco comandos regionais e distribuída em mais de 100 municípios, a força-tarefa pode ser acionada a qualquer momento para reforçar operações dentro e fora do Paraná. Após o acionamento, os integrantes têm até duas horas para se apresentarem aos quartéis, e o deslocamento para o local da ocorrência ocorre em no máximo seis horas.

Essa agilidade, segundo o major Greinert, é resultado do planejamento contínuo e da rotina de treinamentos intensivos. Ele relembra a atuação dos bombeiros paranaenses no Rio Grande do Sul, em maio do ano passado. “Fomos acionados à tarde, no feriado de 1º de maio, e às 5h da manhã do dia seguinte já estávamos em São Sebastião do Caí. Naquele dia, resgatamos 122 pessoas de telhados, árvores e postes. Isso mostra o quanto o treinamento faz a diferença”, afirmou.

Intercâmbio e especialização internacional

Criada em 2017, a Força-Tarefa do CBMPR vem ampliando seu nível técnico por meio de parcerias e intercâmbios com instituições nacionais e estrangeiras. Em 2024, dois bombeiros paranaenses participaram de uma certificação internacional na Austrália, voltada a operações em estruturas colapsadas. Outro grupo esteve em Singapura, acompanhando protocolos internacionais de resposta a desastres.

Neste mês, representantes do Paraná também participam do curso “Resposta a Desastres”, promovido pelo Ministério da Justiça, em Brasília. O major Ícaro Gabriel Greinert é um dos instrutores convidados.

Segundo ele, o impacto do treinamento internacional é direto na atuação local. “O bombeiro que participa da força-tarefa retorna para sua cidade com outra percepção de risco e capacidade técnica. Quando treinamos para atuar em outros estados e países, estamos elevando o nosso padrão interno. Cada avanço em logística, transporte e autossuficiência reflete na qualidade do atendimento dentro do Paraná”, destacou.

Preparação constante

O conceito de “força-tarefa” tem origem militar e remonta à Marinha dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Com o tempo, foi adaptado para as corporações de segurança e defesa civil em todo o mundo. No Brasil, ganhou força a partir da necessidade de resposta estruturada a desastres naturais e emergências urbanas.

No Paraná, o modelo se consolidou com a criação do GOST e a implantação de protocolos modernos de mobilização rápida e autossuficiência. O Estado é hoje uma das referências nacionais em planejamento e resposta a desastres, com atuação integrada ao Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil.

Créditos: Gabriel Porta/Gazeta do Paraná Acesse nosso canal no WhatsApp