Foz do Iguaçu inicia Natal com contrato milionário sem licitação e atraso na montagem da decoração
Remanejamento foi aprovado às vésperas da abertura; MP-PR apura contratação direta e vereadora fala em “urgência fabricada”
Créditos: PMFI/Divulgação
Bruno Soares - Foz do Iguaçu
Foz do Iguaçu iniciou na última sexta-feira (5) a programação oficial de Natal com parte da estrutura ainda sendo instalada e sob investigação do Ministério Público do Paraná, que abriu procedimento para apurar a dispensa de licitação de R$ 2,5 milhões contratada pela gestão do prefeito General Silva e Luna (PL).
O valor integra o pacote de R$ 4,5 milhões destinado ao evento, fechado somente após aprovação emergencial da Câmara de Vereadores remanejar R$ 2 milhões do orçamento do Turismo à Fundação Cultural.
Conforme apurado pela reportagem, a assinatura do contrato ocorreu apenas em 27 de novembro, com início imediato dos serviços, o que contribuiu para a demora na montagem da decoração, situação que gerou especulações entre moradores e empresários turísticos de Foz e da região Oeste.
Nos últimos dias, a dúvida “vai ou não vai ter Natal?” ganhou força nas ruas e redes sociais, especialmente porque municípios vizinhos inauguraram suas estruturas há mais de um mês. Cascavel abriu sua programação em outubro. Ciudad del Este, na fronteira paraguaia, também. Gramado, referência nacional, iniciou sua agenda no mesmo período.
Em Foz, a ornamentação começou a tomar forma somente nesta semana. Equipes trabalham na instalação de estruturas nas praças da Paz, Getúlio Vargas e Mitre, além de trechos das avenidas Brasil, Pedro Basso, Costa e Silva e das Cataratas. A proposta estética usa peças produzidas inteiramente em bambu, com narrativa sustentável e referência à identidade ambiental da região trinacional.
Abertura tardia e urgência fabricada
A abertura oficial está marcada para domingo, às 19h, na Praça da Paz, com entrega simbólica das chaves da cidade ao Papai Noel e acendimento simultâneo das luzes. A administração afirma que os locais prioritários estarão concluídos até o início do evento e que as demais áreas receberão acabamento ao longo da próxima semana.
A vereadora Valentina Rocha (PT) afirma que o atraso é consequência de um modelo de gestão baseado no improviso. Para ela, a prefeitura cria situações artificiais de urgência para justificar decisões sem concorrência.
“O Natal não é surpresa para ninguém. O que existe é falta de planejamento. Empurram tudo para novembro e depois usam o prazo como desculpa para contratar sem licitação. Isso não é emergência, é método”, disse. A vereadora também critica o fato de o projeto ter sido enviado à Câmara somente dias antes da contratação, sem discussão pública e sem comissão técnica formada.
O Ministério Público informou que já requisitou documentos e realizará diligências para avaliar a justificativa apresentada pela Prefeitura. A administração sustenta que a contratação direta foi necessária para garantir que o evento fosse executado ainda dentro do período de maior fluxo turístico.
Mesmo com a controvérsia, a expectativa local é positiva. Moradores afirmam esperar uma estrutura acolhedora, com clima natalino à altura do período de alta temporada. A prefeitura reforça que a programação seguirá até 6 de janeiro, com apresentações culturais, corais, teatro e shows. Para o setor turístico, o curto prazo ainda é uma preocupação, mas a abertura oficial deve trazer movimento imediato às áreas centrais da cidade.
