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Tudo que você precisa saber sobre o caso Eloah

Mulher finge ser agente de saúde e sequestra bebê em Curitiba. A menina teve o cabelo cortado, alisado e pintado para dificultar o reconhecimento

Por Gabriel Porta Martins

Tudo que você precisa saber sobre o caso Eloah Créditos: SESP/Divulgação

A Polícia Civil resgatou Eloah Pietra Almeida dos Santos, de 1 ano e 6 meses, em um cativeiro localizado em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, na última sexta-feira (24). A mulher responsável pelo sequestro, que fingiu ser agente de saúde, foi presa. De acordo com a polícia, ela planejava criar a menina como sua filha. A identidade da suspeita, de 40 anos, não foi divulgada.


O resgate ocorreu após informações sobre a localização do carro da suspeita em Campo Largo. Após ser libertada, a criança foi encaminhada ao Grupo Tigre (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial), em Curitiba, e posteriormente entregue à família. Durante o sequestro, a menina teve o cabelo cortado, alisado e pintado para dificultar o reconhecimento.
Em coletiva no sábado (25), o secretário de Segurança Pública do Paraná, Coronel Hudson Teixeira, declarou que a mulher não possuía antecedentes criminais. Ela deve responder pelo crime de subtração de incapaz, e a polícia investigará outras possíveis condutas.


A suspeita chegou à residência da família, no bairro Parolin, usando avental e máscara, por volta das 11h50, e apresentou-se como agente de saúde. Ela alegou que a mãe da menina, de 27 anos, precisava realizar um exame de sangue devido a uma denúncia de maus-tratos. Segundo o secretário Hudson Teixeira, a abordagem ocorreu de forma planejada.


De acordo com o relato da avó da criança, a falsa agente ofereceu um líquido verde para a mãe beber e pediu que ambas entrassem em um veículo branco, sem placas, da marca Fiat. Dentro do carro, a mulher pediu à mãe que colocasse a bebê na cadeirinha. Nesse momento, ao descer para acomodar a criança, a suspeita arrancou com o veículo, fugindo com a menina.


A mãe, desesperada, retornou à casa em busca de ajuda e precisou ser levada a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) devido ao estado de choque. A Polícia Militar intensificou as buscas, realizando rondas para localizar o carro e identificar a responsável pelo crime. O delegado Thiago Teixeira, chefe do Grupo Tigre, afirmou que, durante o depoimento, a suspeita demonstrou frieza e não expressou arrependimento. “Ela disse que queria criar a menina como filha e, em momento algum, mostrou remorso. Verificamos que não havia registros anteriores de crimes ou boletins de ocorrência semelhantes relacionados a ela”, explicou. Além disso, foi revelado que a suspeita é mãe de um jovem de 23 anos.

A ação
A mulher presa pelo sequestro de Eloah Pietra Almeida dos Santos estava à procura de uma criança para criar como filha. Antes da ação no bairro Parolin, ela abordou outras crianças em Campo Largo, mas não obteve sucesso. No dia anterior ao crime, chegou a observar Eloah andando pela rua com a mãe, o que parece ter motivado sua escolha.

De acordo com a delegada Patrícia Paz, do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria), os pais de Eloah não demonstraram negligência em relação à menina. “Ouvimos moradores da comunidade e servidores do sistema de saúde que atuam na região.

Esses profissionais relataram que, embora a família enfrente vulnerabilidade de recursos, fazem o possível para cuidar das crianças da melhor maneira possível”, afirmou a delegada. A suspeita, que não teve o nome revelado, irá responder pelo crime de subtração de incapaz.

Reencontro com a família
A pequena Eloah Pietra Almeida dos Santos voltou para casa ainda na noite de sexta-feira, após ser resgatada pela polícia. Inicialmente, a criança foi levada à sede do Grupo Tigre, em Curitiba, e em seguida entregue à família. Durante o reencontro, foi percebido que Eloah estava com a aparência alterada: seus cabelos, naturalmente castanhos e cacheados, haviam sido cortados, pintados de loiro e alisados. “O cabelo dela foi cortado, pintado e alisado, possivelmente numa tentativa de dificultar o reconhecimento. Porém, no geral, o que a família notou é que ela está bem. Ela está brincando, no colo da mãe, e já mamou”, explicou o advogado Leonardo Mestre, que representou a família do bairro Parolin no caso.

Dados
Entre 2019 e 2021, o Paraná registrou 7.120 casos de pessoas desaparecidas, segundo o Mapa dos Desaparecidos do Brasil. Desse total, 2.673 ocorrências envolveram crianças e adolescentes, representando 37% dos casos. Em 2019, foram 2.256 desaparecimentos; em 2020, 2.237; e em 2021, 2.627. O estado conta com legislações específicas para tratar desse problema, como a Lei Estadual 18.795, de 3 de abril de 2017, que criou o Alerta para Resgate de Pessoas no Paraná. Essa política busca agilizar a comunicação entre os órgãos do Poder Público e entidades relacionadas nos casos de desaparecimento, rapto ou sequestro de crianças e adolescentes, garantindo uma resposta mais eficiente nessas situações.